
O Ibovespa (IBOV), principal índice da Bolsa de Valores Brasileira – B3, começa o mês de junho, nesta segunda-feira (2), em alta, com a dispara nos preços do petróleo, que tende a beneficiar ações da Petrobras (PETR3)(PETR4) e outras petroleiras durante o pregão. Por volta das 10:15, o índice registrava alta de 0,94%, aos 138.189,20 pontos.
Apesar disso, investidores permanecem atentos a crescente pressão do Congresso Nacional para que o governo Lula revogue integralmente as mudanças no IOF.
Outro ponto de atenção no Ibovespa é o rebaixamento da perspectiva de crédito do Brasil pela agência Moody’s, somado ao anúncio dos EUA de novas tarifas sobre aço e alumínio, o que pode agravar a tensão comercial global.
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Moody’s rebaixa crédito do Brasil em meio a polêmico aumento do IOF
No Brasil, os mercados reagem a dois choques negativos. Primeiro, a Moody’s revisou a perspectiva da nota de crédito soberana de positiva para estável, sinalizando preocupação com o ritmo lento das reformas fiscais, o aumento da rigidez orçamentária e o crescimento da dívida pública, cuja estabilização agora é projetada em 88% do Produto Interno Bruto (PIB).
A decisão foi tomada fora do horário do mercado e tende a pressionar o câmbio e os juros nesta segunda-feira (2).
A medida praticamente elimina, no curto prazo, a possibilidade de o Brasil recuperar o grau de investimento, e revela um ceticismo crescente quanto à capacidade do governo em entregar equilíbrio fiscal estrutural.
Essa piora do outlook vem em um momento delicado para a equipe econômica, em meio à crise política envolvendo a cobrança de IOF sobre operações de risco sacado.
A medida foi duramente criticada pelo Congresso, especialmente pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, que exige a revogação imediata da taxação.
O embate entre Executivo e Legislativo aumenta a incerteza sobre a governabilidade e o andamento das pautas fiscais.
A fala de Lula no final de semana, pregando mais diálogo e elogiando a atuação de Motta, foi uma tentativa de esfriar a crise, mas ainda há resistência no Congresso, que cobra mais cortes de gastos e se mostra disposto a pautar reformas antes consideradas tabu.
Internamente, também pesa o dado de PIB do primeiro trimestre, que veio forte, com alta de 1,4% impulsionada principalmente pelo setor agropecuário, mas reforça a leitura de uma economia aquecida e limita o espaço para cortes adicionais de juros pelo Banco Central (BC).
A curva de juros futuros, que já vinha pressionada, reagiu com forte alta na sexta-feira (30) após os dados do PIB e a notícia da Moody’s, o que pode continuar refletindo no Ibovespa nesta segunda-feira.
Trump endurece tarifas
No cenário internacional, os investidores digerem a decisão de Donald Trump, anunciada após o fechamento dos mercados na sexta-feira (30), de dobrar as tarifas sobre aço e alumínio de 25% para 50%, com vigência a partir de quarta-feira, 4 de junho.
A medida, com forte caráter protecionista, impulsionou no after hours as ações de empresas como a Gerdau (GGBR3), que têm grande exposição ao mercado norte-americano, mas representa risco para outras metalúrgicas brasileiras mais dependentes da exportação.
A decisão também reaquece tensões comerciais com a China, já que Trump acusou Pequim de romper compromissos recentes e promete novas medidas.
O temor de escalada tarifária reforça o clima de aversão ao risco, que tende a manter o dólar forte e os juros longos pressionados.
Mercado de trabalho americano e expectativas do Fed
Além disso, os mercados aguardam uma bateria de indicadores econômicos nos EUA nesta semana, com destaque para os dados do mercado de trabalho, culminando com o payroll na sexta-feira (6).
Antes disso, saem o relatório Jolts, a pesquisa ADP e o Livro Bege do Fed. O conjunto desses dados pode afetar as expectativas de política monetária e calibrar as apostas sobre o momento do primeiro corte de juros pelo Federal Reserve, cuja cautela permanece elevada. Também ganham atenção falas de dirigentes do Fed, como Jerome Powell e Lorie Logan.