
- Ibovespa futuro cai com temor de tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros
- Dólar opera em R$ 5,52 com pressão vinda das commodities e tensões comerciais
- Investidores acompanham dados da arrecadação, BCE e balanços de big techs
O Ibovespa futuro iniciou esta quinta-feira (24) em queda e ampliou as perdas durante a manhã, refletindo o clima de incerteza global e, principalmente, o impasse comercial entre o Brasil e os Estados Unidos. Às 9h30, o índice recuava 0,60%, aos 135.555 pontos.
No câmbio, o dólar rondava os R$ 5,52, com investidores ajustando posições diante da valorização da moeda americana frente a pares emergentes e da falta de clareza sobre a política tarifária de Donald Trump.
Tarifa de 50% trava apetite do mercado brasileiro
O principal fator de cautela entre os investidores locais é a tarifa de 50% anunciada pelo governo dos EUA sobre produtos importados do Brasil, com início previsto para 1º de agosto. O Brasil, até agora, é o único país oficialmente citado por Trump como alvo da medida. A ausência de um canal formal de negociação entre os dois governos acentua o receio dos agentes econômicos.
Na véspera, Trump afirmou que “alguns países com quem não estamos nos dando bem pagarão tarifas pesadas”, em referência indireta ao Brasil. Já com relação à China, ao Japão e à União Europeia, o tom foi mais amistoso. O Japão, inclusive, fechou um acordo que reduziu as tarifas para 15%, enquanto o Brasil segue em compasso de espera.
Desse modo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que ainda vê “alguma possibilidade de acordo” antes do prazo, mas não detalhou qual seria a estratégia diplomática em curso. Lula, por sua vez, buscou reforçar laços com o México em ligação com a presidente Claudia Sheinbaum, mencionando o “momento de incertezas”.
Commodities dividem direções e impactam gigantes da B3
Enquanto o petróleo registra leve alta nesta manhã, o minério de ferro opera em queda no mercado futuro. O petróleo WTI para setembro avança 0,77%, cotado a US$ 65,75, enquanto o Brent para outubro sobe 1,15%, para US$ 69,29. O otimismo parcial com um possível acordo entre EUA e UE estimula a demanda pela commodity.
Já o minério de ferro caiu 0,55% em Dalian, cotado a US$ 113,26 por tonelada. Esse movimento pressiona os papéis da Vale (VALE3), cujos ADRs recuam 0,77% no pré-mercado de Nova York. Por outro lado, os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) sobem 0,32%, puxados pela alta do petróleo.
Portanto, esse cenário misto nas commodities gera volatilidade no Ibovespa futuro, que tende a refletir com mais intensidade as oscilações de empresas ligadas a exportações e ao ciclo global.
BCE, big techs e arrecadação no radar do dia
No exterior, os mercados monitoram a decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE), além dos PMIs (Índice de Gerentes de Compras) da zona do euro, Alemanha e Reino Unido. Em Nova York, os índices futuros operam mistos, com investidores digerindo os balanços de empresas como Tesla e IBM — ambas pressionadas no pré-market.
Além disso, no Brasil, os dados de arrecadação federal de junho serão divulgados a partir das 10h30. A mediana das projeções indica uma arrecadação de R$ 228,2 bilhões, ante os R$ 230,1 bilhões registrados em maio. O resultado pode influenciar os ativos locais, principalmente diante das discussões sobre ajuste fiscal e possíveis mudanças no IOF.
Por fim, a tensão geopolítica e o ambiente de juros elevados nos EUA também seguem como pano de fundo para a precificação dos ativos nesta quinta-feira.