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IBOVESPA HOJE: derrubada do IOF e IPCA-15 levam índice para o alto

Derrubada do aumento do IOF pressiona governo por novas soluções fiscais, enquanto cessar-fogo no Oriente Médio e apetite externo por risco sustentam o fôlego da Bolsa

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IBOVESPA HOJE: derrubada do IOF e IPCA-15 levam índice para o alto

O Ibovespa (IBOV) abriu esta quinta-feira (26) em alta, com reflexo entre a turbulência fiscal doméstica na derrubada do IOF e sinais de alívio no cenário internacional. Por volta das 10:20, o principal índice da Bolsa de Valores Brasileira subia 0,44%, aos 136.369,21 pontos.

O pregão promete ser marcado pela reação dos investidores à derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), decisão do Congresso que impôs uma das maiores derrotas ao governo Lula e abriu um novo buraco no já desafiador Orçamento de 2025.

Por outro lado, o mercado internacional traz um respiro. A trégua no conflito entre Israel e Irã se mantém, e os investidores globais também repercutem o avanço das bolsas em Nova York e na Europa, impulsionado por sinalizações positivas da Otan e dados econômicos mais amenos.

Altas e baixas do Ibovespa às 10:10
NomeÚltimo (R$)Máxima (R$)Mínima (R$)Var. %
CSN Mineração ON4,874,884,85+1,46%
Multiplan ON26,8727,0326,74+1,13%
Marcopolo PN7,737,747,71+1,05%
Metalúrgica Gerdau PN8,858,868,85+1,03%
Natura ON10,5610,5610,52+0,86%
NomeÚltimo (R$)Máxima (R$)Mínima (R$)Var. %
COPEL PNB12,3812,3912,38–0,32%
Vibra ON21,6521,7021,56–0,23%

IOF derrubado: pressão por receitas e corte de gastos volta à mesa

A derrubada do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que suspende o aumento do IOF colocou a equipe econômica do governo contra a parede. Com a perda de até R$ 15 bilhões em arrecadação, segundo estimativas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já estuda três saídas:

  • Acionar o Supremo Tribunal Federal, alegando que o Congresso extrapolou ao anular um ato legal do Executivo;
  • Cortar ainda mais o Orçamento, que já sofreu um bloqueio de R$ 31,3 bilhões em maio;
  • Ou encontrar uma nova fonte de receita para tapar o rombo fiscal.

O temor no mercado é que esse novo impasse force o governo a rever a meta de déficit zero para 2025, medida que traria desconfiança, pressionaria os juros e o dólar e poderia rebaixar o apetite por ativos brasileiros.

Inflação surpreende para baixo, mas confiança industrial decepciona

Do lado dos indicadores, o IPCA-15 de junho veio abaixo do esperado, subindo 0,26%, contra expectativa de 0,31%.

O dado reforça a leitura de que a inflação está sob controle, embora o BC tenha sinalizado no Relatório de Política Monetária (RPM) que o IPCA seguirá acima da meta de 3% até 2027.

Em contrapartida, a Confiança da Indústria medida pela FGV caiu 2,1 pontos em junho, atingindo o menor nível do ano.

O dado joga água fria nas expectativas de retomada mais robusta da atividade, apesar do leve aumento da previsão de crescimento do PIB para 2025 (de 1,9% para 2,1%).

Alívio com cessar-fogo e tensão com Trump versus Fed

Enquanto o Brasil lida com seus próprios ruídos, o ambiente internacional mostra sinais mistos. A manutenção do cessar-fogo entre Israel e Irã ajuda a sustentar o apetite por risco, refletido nas altas dos futuros de Wall Street e das bolsas europeias nesta manhã.

Contudo, uma nova frente de incerteza surgiu nos EUA: o presidente Donald Trump admitiu que considera substituir Jerome Powell à frente do Federal Reserve (Fed) — movimento que, se confirmado, poderia minar a independência da autoridade monetária e criar instabilidade nos mercados.

Apesar disso, os investidores internacionais parecem confiar, por ora, na resiliência da economia global e na capacidade das instituições norte-americanas de mitigar interferências políticas no Fed.

O que esperar do dia?

Com o noticiário intenso e volátil, o Ibovespa deve operar sob influência mista: sustentado por fatores externos positivos, mas com limites bem claros impostos pela incerteza fiscal doméstica.

O investidor estará atento a:

  • Pronunciamentos de Haddad e articulações do Planalto para lidar com a derrubada do IOF;
  • Evolução dos índices em Nova York, sobretudo se Trump intensificar críticas ao Fed;
  • Dados econômicos dos EUA, como PIB do 1º trimestre e pedidos de auxílio-desemprego, que saem ainda pela manhã.
José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.