
O Ibovespa (IBOV) abriu esta quinta-feira (26) em alta, com reflexo entre a turbulência fiscal doméstica na derrubada do IOF e sinais de alívio no cenário internacional. Por volta das 10:20, o principal índice da Bolsa de Valores Brasileira subia 0,44%, aos 136.369,21 pontos.
O pregão promete ser marcado pela reação dos investidores à derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), decisão do Congresso que impôs uma das maiores derrotas ao governo Lula e abriu um novo buraco no já desafiador Orçamento de 2025.
Por outro lado, o mercado internacional traz um respiro. A trégua no conflito entre Israel e Irã se mantém, e os investidores globais também repercutem o avanço das bolsas em Nova York e na Europa, impulsionado por sinalizações positivas da Otan e dados econômicos mais amenos.
Altas e baixas do Ibovespa às 10:10
| Nome | Último (R$) | Máxima (R$) | Mínima (R$) | Var. % |
|---|---|---|---|---|
| CSN Mineração ON | 4,87 | 4,88 | 4,85 | +1,46% |
| Multiplan ON | 26,87 | 27,03 | 26,74 | +1,13% |
| Marcopolo PN | 7,73 | 7,74 | 7,71 | +1,05% |
| Metalúrgica Gerdau PN | 8,85 | 8,86 | 8,85 | +1,03% |
| Natura ON | 10,56 | 10,56 | 10,52 | +0,86% |
| Nome | Último (R$) | Máxima (R$) | Mínima (R$) | Var. % |
|---|---|---|---|---|
| COPEL PNB | 12,38 | 12,39 | 12,38 | –0,32% |
| Vibra ON | 21,65 | 21,70 | 21,56 | –0,23% |
IOF derrubado: pressão por receitas e corte de gastos volta à mesa
A derrubada do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que suspende o aumento do IOF colocou a equipe econômica do governo contra a parede. Com a perda de até R$ 15 bilhões em arrecadação, segundo estimativas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já estuda três saídas:
- Acionar o Supremo Tribunal Federal, alegando que o Congresso extrapolou ao anular um ato legal do Executivo;
- Cortar ainda mais o Orçamento, que já sofreu um bloqueio de R$ 31,3 bilhões em maio;
- Ou encontrar uma nova fonte de receita para tapar o rombo fiscal.
O temor no mercado é que esse novo impasse force o governo a rever a meta de déficit zero para 2025, medida que traria desconfiança, pressionaria os juros e o dólar e poderia rebaixar o apetite por ativos brasileiros.
Inflação surpreende para baixo, mas confiança industrial decepciona
Do lado dos indicadores, o IPCA-15 de junho veio abaixo do esperado, subindo 0,26%, contra expectativa de 0,31%.
O dado reforça a leitura de que a inflação está sob controle, embora o BC tenha sinalizado no Relatório de Política Monetária (RPM) que o IPCA seguirá acima da meta de 3% até 2027.
Em contrapartida, a Confiança da Indústria medida pela FGV caiu 2,1 pontos em junho, atingindo o menor nível do ano.
O dado joga água fria nas expectativas de retomada mais robusta da atividade, apesar do leve aumento da previsão de crescimento do PIB para 2025 (de 1,9% para 2,1%).
Alívio com cessar-fogo e tensão com Trump versus Fed
Enquanto o Brasil lida com seus próprios ruídos, o ambiente internacional mostra sinais mistos. A manutenção do cessar-fogo entre Israel e Irã ajuda a sustentar o apetite por risco, refletido nas altas dos futuros de Wall Street e das bolsas europeias nesta manhã.
Contudo, uma nova frente de incerteza surgiu nos EUA: o presidente Donald Trump admitiu que considera substituir Jerome Powell à frente do Federal Reserve (Fed) — movimento que, se confirmado, poderia minar a independência da autoridade monetária e criar instabilidade nos mercados.
Apesar disso, os investidores internacionais parecem confiar, por ora, na resiliência da economia global e na capacidade das instituições norte-americanas de mitigar interferências políticas no Fed.
O que esperar do dia?
Com o noticiário intenso e volátil, o Ibovespa deve operar sob influência mista: sustentado por fatores externos positivos, mas com limites bem claros impostos pela incerteza fiscal doméstica.
O investidor estará atento a:
- Pronunciamentos de Haddad e articulações do Planalto para lidar com a derrubada do IOF;
- Evolução dos índices em Nova York, sobretudo se Trump intensificar críticas ao Fed;
- Dados econômicos dos EUA, como PIB do 1º trimestre e pedidos de auxílio-desemprego, que saem ainda pela manhã.