
O Ibovespa (IBOV), principal índice da Bolsa de Valores Brasileira – B3, abriu em queda nesta terça-feira (3), refletindo a cautela dos investidores diante do cenário global instável, em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, projeções mais fracas da economia mundial e a incerteza sobre os rumos da política fiscal brasileira.
Por volta das 10:15, o Ibovespa recuava 0,21%, aos 136.502,74 pontos.
O que movimenta os mercados nesta terça-feira (3)?
No exterior, o destaque vai para a decisão do governo dos EUA de prorrogar, até 31 de agosto, a isenção de tarifas adicionais para uma série de produtos chineses — medida que integra o escopo da chamada “Seção 301”, voltada a pressionar Pequim em disputas sobre transferência de tecnologia e propriedade intelectual. A prorrogação, porém, não dissipou os temores dos mercados.
Ao contrário: na manhã desta terça-feira (3), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu suas projeções para o crescimento global.
O relatório divulgado estima que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial desacelere de 3,3% em 2024 para 2,9% em 2025 e 2026, citando a elevação de barreiras comerciais, a instabilidade nas regras de comércio internacional e a perda de confiança de empresas e consumidores.
Esse clima global de incerteza tende a afetar o apetite por risco dos investidores e penaliza bolsas emergentes, como a brasileira.
Cenário local: foco em Haddad e no IOF
Internamente, os investidores acompanham os desdobramentos políticos e fiscais em Brasília.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), apresentou na noite de ontem a líderes do Congresso um conjunto de propostas estruturantes para equilibrar as contas públicas. A expectativa é que essas medidas sejam discutidas com o presidente Luiz Inácio lula da Silva (PT) até o meio da tarde.
O anúncio acontece após a forte resistência do Legislativo ao decreto presidencial que aumentava o IOF sobre operações de crédito, o que forçou o governo a buscar alternativas com impacto duradouro e sem elevar impostos.
A expectativa por um aceno positivo do governo pode mexer com os ativos locais ao longo do dia.
No radar corporativo: Petz, Cobasi, Vale, Petrobras e mais
O noticiário corporativo também movimenta o pregão. A aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) da fusão entre Petz (PETZ3) e Cobasi coloca as varejistas de pet shops no foco do mercado.
No setor de joias, a Vivara (VIVA3) ganha atenção com a inauguração de um novo centro de distribuição no Espírito Santo, parte de sua estratégia de expansão.
Papéis de grandes empresas da bolsa, como Vale (VALE3), Petrobras (PETR4) e Ambev (ABEV3), podem reagir à revisão das perspectivas de risco feita pela agência de classificação de crédito Moody’s.
Outro destaque é a Minerva (BEEF3), que encerrou a primeira fase de seu aumento de capital com adesão de mais de 85%, captando R$ 1,7 bilhão.
Já no setor de telecomunicações, a Tim (TIMS3) informou a aprovação de um grupamento de ações, enquanto a Rede D’Or (RDOR3) anunciou um novo plano de crescimento orgânico, o que pode impactar os papéis de saúde.