
- Azul (AZUL4) despenca e vai a leilão após queda de mais de 6%; ações voltam a recuar com forte pressão do mercado
- Ibovespa renova mínimas do dia, afetado pela alta do dólar, instabilidade das ações de bancos e cenário interno volátil
- Dólar comercial dispara a R$ 5,683 e índice de volatilidade (VXBR) salta quase 3%, evidenciando tensão
O mercado brasileiro iniciou a quarta-feira (28) em terreno escorregadio. O Ibovespa renovou mínimas sucessivas, pressionado pela forte queda das ações da Azul (AZUL4), pelo avanço do dólar comercial e pela volatilidade crescente nos indicadores locais e internacionais.
Às 10h46, o principal índice da B3 caía 0,46%, aos 138.905 pontos. Dessa forma, refletindo a cautela dos investidores com o cenário econômico nacional e o nervosismo externo.
O maior destaque negativo do dia ficou com os papéis da Azul Linhas Aéreas, que chegaram a cair mais de 6% durante a manhã e voltaram ao leilão após oscilações agressivas.
Às 10h37, a ação recuava 1,87%, cotada a R$ 1,05, após bater R$ 1,00, contudo, uma mínima histórica. A crise na empresa aérea, intensificada por dúvidas sobre endividamento e baixa confiança do mercado, reflete a aversão a risco com ativos de alto grau de alavancagem.
Dólar
Enquanto isso, o dólar comercial disparava 0,66%, cotado a R$ 5,683, acompanhando o fortalecimento global da moeda norte-americana e o nervosismo doméstico.
A primeira parcial da PTAX, divulgada às 10h11 pelo Banco Central, já mostrava a moeda sendo comprada a R$ 5,6754 e vendida a R$ 5,6760. Assim, sinalizando pressão sobre o real. O movimento é reforçado pela expectativa de novos dados econômicos e pelo clima de insegurança fiscal no Brasil.
O índice de volatilidade VXBR, que mede a percepção de risco na Bolsa brasileira, saltava 2,90%, aos 16,32 pontos, enquanto o VIX norte-americano, considerado o “índice do medo”, recuava levemente. Assim, com uma queda de 0,05%, aos 18,95 pontos. A divergência evidencia que a preocupação está concentrada nos ativos locais, enquanto os mercados globais mantêm cautela mais controlada.
No campo corporativo, os grandes bancos apresentavam desempenho misto: Bradesco (BBDC4) subia 0,75%, Banco do Brasil (BBAS3) recuava 0,61%, Itaú (ITUB4) perdia 0,63%, e Santander (SANB11) caía 0,69%. Já a B3 (B3SA3), que chegou a abrir em alta, virou para o vermelho e registrava queda de 1,18%, cotada a R$ 14,21.
Setores como varejo, siderurgia, energia e tecnologia também mostravam instabilidade. Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) subia levemente (+0,32%), enquanto Lojas Renner (LREN3) recuava 1,34%. Na siderurgia, USIM5 caía 1,62%, puxando o setor para baixo. A Eletrobras (ELET3 e ELET6) também recuava mais de 0,70%.
Na contramão, as chamadas “petro juniors” apresentavam desempenho positivo, com destaque para BRAV3, que avançava 2,91%. Os frigoríficos também operavam no azul: JBS (JBSS3) subia 1,98%, e Marfrig (MRFG3) ganhava 0,49%.
O clima é de alerta generalizado, com os investidores de olho em dados macroeconômicos locais, incluindo o relatório do Caged, o Relatório da Dívida Pública e o fluxo cambial, todos com divulgação prevista para esta tarde.
O resultado desses indicadores pode acirrar ainda mais os ânimos do mercado, caso tragam surpresas negativas ou reforcem a percepção de instabilidade fiscal.