
- Ibovespa sobe 0,35%, aos 134.639, com apoio da Vale, BB e expectativa de queda nos juros.
- Dólar avança a R$ 5,57, enquanto juros futuros recuam com alívio nos DIs de médio prazo.
- Exterior opera misto, com cautela em Wall Street e ruídos políticos no Brasil influenciando o câmbio.
O Ibovespa operou em alta nesta terça-feira (22), fechando com valorização de 0,35%, aos 134.639,30 pontos, em meio a um cenário de cautela no exterior e atenção às falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as tarifas anunciadas por Trump.
Mesmo com instabilidade nos índices futuros norte-americanos, a bolsa brasileira encontrou suporte em ações ligadas a commodities e bancos estatais. O volume de negócios foi puxado, em parte, pela retomada parcial do apetite por risco e pela expectativa de novas quedas nos juros futuros.
Vale puxa alta com minério e BB lidera bancos
As ações da Vale (VALE3) subiram 1,73%, impulsionadas por uma leve recuperação no preço do minério de ferro no mercado asiático. A valorização da commodity veio após ajustes técnicos e sinalizações de estímulo na China, principal compradora do produto brasileiro.
Além disso, Petrobras (PETR4) avançou 0,39%, acompanhando a estabilidade do petróleo Brent em torno de US$ 82 por barril. Apesar da oscilação recente nos preços internacionais, a estatal ainda se beneficia da perspectiva de manutenção da política de dividendos e da disciplina de investimentos.
No setor bancário, Banco do Brasil (BBAS3) teve a maior alta entre os grandes bancos, com avanço de 0,65%. Santander (SANB11) subiu 0,34%, enquanto Bradesco (BBDC4) oscilou positivamente em 0,06%. Por outro lado, Itaú (ITUB4) recuou 0,08%, pressionado por ajustes técnicos e rotação de carteira.
Câmbio e juros oscilam com ruídos políticos e cenário externo
O dólar comercial operou em alta leve de 0,21%, sendo cotado a R$ 5,5718. A moeda americana refletiu tanto o ambiente de aversão ao risco quanto as falas de Lula sobre a possível “guerra tarifária” com os Estados Unidos, caso Trump não recue da imposição de 50% sobre produtos brasileiros.
Apesar disso, os juros futuros (DIs) recuaram ao longo da curva. O movimento sugere que o mercado ainda aposta em cortes da Selic mais adiante, especialmente diante da desaceleração econômica global e da inflação comportada no Brasil. Os vértices de médio e longo prazo mostraram maior alívio.
Nos Estados Unidos, os índices futuros operaram de forma mista. O Dow Jones Futuro caiu 0,07%, a Nasdaq recuou 0,04%, enquanto o S&P500 subiu 0,05%. Investidores acompanham a tensão entre Trump e o Federal Reserve, após críticas diretas ao presidente do banco central, Jerome Powell.
Perspectivas para o mercado seguem instáveis
Com a proximidade da entrada em vigor das tarifas de Trump no dia 1º de agosto, o mercado brasileiro tende a manter o viés defensivo. Investidores esperam definições do governo Lula sobre possíveis medidas compensatórias ou negociações comerciais.
Ao mesmo tempo, a curva de juros segue sendo um dos principais termômetros para o Ibovespa. A expectativa de redução da Selic ainda sustenta setores sensíveis ao crédito, mas o ruído político pode atrasar esse movimento.
Para os próximos dias, o investidor deve acompanhar o noticiário internacional, a divulgação de balanços e eventuais anúncios sobre pacotes fiscais no Brasil.