Bolsa em queda

Ibovespa tropeça mais uma vez, mas o pior pode estar só começando

Queda de ações da Petrobras, Vale e bancos pressiona Bolsa brasileira; dólar sobe e juros futuros avançam.

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Ibovespa tropeça mais uma vez, mas o pior pode estar só começando
  • Ibovespa cai 0,53%, pressionado por ações de bancos, Vale e Petrobras, além da alta do dólar e dos juros futuros.
  • Cenário fiscal incerto e curva de juros mais inclinada mantêm clima de aversão ao risco no mercado brasileiro.
  • Exterior com leve otimismo, mas sem força para mudar o humor do investidor local, ainda desconfiado com a política econômica.

O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira (30) em queda de 0,53%, aos 132.026,95 pontos, em mais um dia de fraqueza generalizada entre os papéis de peso. Acompanhando o recuo das ações de bancos, Petrobras e Vale, o índice seguiu pressionado pelo cenário externo e pelas incertezas fiscais internas.

Apesar de o mercado americano operar levemente no campo positivo, os investidores brasileiros reagiram com cautela ao avanço dos juros futuros e à valorização do dólar, o que ajudou a reforçar a aversão ao risco. Analistas apontam que a ausência de gatilhos positivos no cenário doméstico segue como um dos principais freios ao desempenho da Bolsa.

Setores de peso afundam o índice

As ações da Petrobras (PETR4) caíram 0,49% e as da Vale (VALE3) recuaram 0,60%, pesando diretamente sobre o desempenho do Ibovespa. Juntas, as duas empresas representam mais de 25% da composição do índice, o que explica o impacto significativo de suas oscilações diárias.

Enquanto a Petrobras acompanhou a leve correção nos preços internacionais do petróleo, a Vale foi afetada pela queda do minério de ferro no mercado asiático. Com isso, o otimismo recente em torno da expectativa de dividendos generosos foi parcialmente ofuscado por fatores macroeconômicos mais amplos.

Além disso, os bancos também contribuíram negativamente. O Santander (SANB11) liderou as perdas com baixa de 3,34%, seguido por Itaú (ITUB4), que recuou 0,95%. Banco do Brasil (BBAS3) caiu 0,60% e Bradesco (BBDC4) perdeu 0,32%. O movimento reflete o estresse do mercado com a alta da curva de juros, que encarece o crédito e pressiona os resultados das instituições financeiras.

Juros futuros disparam com cautela fiscal

Os juros futuros voltaram a subir nesta terça, em resposta às dúvidas sobre o compromisso do governo com o ajuste fiscal. Investidores avaliam que o risco de deterioração das contas públicas pode forçar o Banco Central a manter a taxa Selic elevada por mais tempo.

Esse cenário contribui para a elevação dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), principalmente nos vértices mais longos da curva. Com isso, as ações mais sensíveis aos juros, como varejistas e empresas de tecnologia, também ficaram sob pressão durante a sessão.

Além disso, a ausência de notícias concretas sobre o avanço de pautas econômicas no Congresso enfraqueceu o apetite por risco no mercado local. Mesmo com falas recentes de autoridades econômicas prometendo responsabilidade fiscal, a percepção de que a execução orçamentária em 2025 pode fugir da meta ainda pesa nos preços.

Com menos otimismo interno, o investidor acaba olhando para o exterior em busca de pistas. Mas mesmo lá fora, o clima é de compasso de espera.

Dólar sobe e bolsas americanas mostram cautela

O dólar comercial subiu 0,34% nesta terça, sendo negociado a R$ 5,58. A valorização da moeda americana reflete tanto a alta dos juros futuros no Brasil quanto um movimento global de fortalecimento do dólar, diante de um Federal Reserve que ainda não sinalizou cortes na taxa de juros.

Enquanto isso, os índices futuros de Nova York apresentaram variações modestas. O Dow Jones avançou 0,03%, o S&P500 subiu 0,10% e a Nasdaq também ganhou 0,10%. A leve alta reflete a espera por novos dados econômicos nos Estados Unidos, especialmente indicadores de emprego e inflação.

Ainda assim, a cautela predomina, já que as bolsas americanas acumulam fortes altas no mês e podem entrar em uma fase de correção técnica. Para o investidor brasileiro, o movimento externo suave não foi suficiente para neutralizar as pressões locais.

O cenário global misto, somado aos desafios internos, cria uma combinação que mantém o Ibovespa sob pressão, mesmo em dias em que não há notícias negativas de grande impacto.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.