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Imposto de Renda zerado para quem ganha até R$ 7.350: veja o que muda com a nova proposta

Relatório de Arthur Lira surpreende até o Ministério da Fazenda ao ampliar benefícios e aliviar a carga de quem recebe dividendos

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Arthur Lira
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O projeto de reforma do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) ganhou contornos mais generosos na quinta-feira (10), com a apresentação do relatório final do deputado Arthur Lira (PP-AL), relator da proposta na Câmara. O novo texto amplia a faixa de isenção para quem recebe até R$ 7.350 mensais, ajusta as regras para tributação de altos salários e suaviza o impacto sobre dividendos e investimentos isentos, como LCI e LCA.

A proposta surpreende até mesmo integrantes da equipe econômica do governo Lula.

O texto de Lira altera a faixa de isenção do IR, que no projeto original abrangia apenas quem ganhava até R$ 5.000. A mudança permite uma transição mais suave na cobrança de imposto entre os contribuintes da classe média.

Segundo especialistas, o novo desenho melhora a progressividade da tabela e corrige distorções históricas na tributação da renda.

Tributação para super-ricos e dividendos

Apesar de manter uma alíquota mínima de 10% sobre rendimentos de pessoas que ganham mais de R$ 600 mil por mês (R$ 7,2 milhões ao ano), o parecer exclui da base de cálculo itens como rendimentos de poupança, aposentadorias por doenças graves ou acidentes e indenizações. Para quem ultrapassa R$ 1,2 milhão mensais, a cobrança de 10% permanece.

A tributação de dividendos – uma das medidas mais polêmicas – também foi suavizada. O relator eliminou redutores progressivos que, antes, permitiriam pedidos de restituição caso a carga tributária ultrapassasse certos tetos.

A cobrança de 10% foi mantida, mas com exceções para fundos soberanos, previdência internacional e governos estrangeiros.

Investimentos isentos preservados

Outra mudança importante está na preservação de títulos hoje isentos de Imposto de Renda, como:

  • LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)
  • LCI (Letra de Crédito Imobiliário)
  • CRA e CRI (Certificados de Recebíveis do Agronegócio e Imobiliário)

Esses ativos não entrarão na base de cálculo do novo imposto mínimo. A medida atende uma demanda de agentes do mercado financeiro e do agronegócio.

Estados e municípios terão compensação

Após pressões de prefeitos e governadores, o novo relatório institui uma compensação pela perda de arrecadação com a isenção ampliada.

O texto propõe o uso de recursos do FPE (Fundo de Participação dos Estados) e do FPM (Fundo dos Municípios) para mitigar os impactos. Caso haja arrecadação excedente, o valor poderá ser usado para reduzir a alíquota da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), imposto que está sendo gestado na reforma do consumo.

Renúncia fiscal maior, mas bem recebida

A ampliação da faixa de isenção gerará uma renúncia fiscal de R$ 31,3 bilhões em 2026, segundo cálculos atualizados da Receita Federal – acima dos R$ 25,8 bilhões estimados anteriormente.

Mesmo assim, Fernando Haddad elogiou a articulação e disse que o projeto reforça o compromisso do governo com a justiça tributária: “O deputado Lira tem mantido contato constante com a equipe econômica e esse avanço mostra disposição para um sistema mais equilibrado.”

A proposta agora segue para o plenário da Câmara e deve ser votada ainda em julho. Segundo Haddad, até Jair Bolsonaro terá dificuldade em se opor ao texto, que combina apelo popular com garantias ao mercado.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.