
- IGP-10 subiu 0,16% em agosto após quatro meses de deflação, abaixo da projeção de 0,32%
- Minério de ferro e soja puxaram a alta no atacado, enquanto saúde e despesas diversas pressionaram o consumo
- Construção civil avançou 0,82% no mês e reforçou a retomada da inflação medida pelo índice
O IGP-10 (Índice Geral de Preços-10) registrou alta de 0,16% em agosto, após quatro meses de deflação. O resultado foi divulgado nesta segunda-feira (18) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Apesar da retomada, o índice ficou abaixo da expectativa do mercado. Analistas ouvidos pela Reuters projetavam avanço maior, de 0,32% para o período.
Pressão no atacado
O IPA-10, que responde por 60% do IGP-10, subiu 0,06% em agosto após queda de 2,42% em julho. O movimento foi impulsionado pela disparada do minério de ferro, que passou de recuo de 6,83% para alta de 9,37%. A soja em grão também acelerou, com avanço de 2,47% contra 0,66% no mês anterior.
Ademais, segundo Matheus Dias, economista do FGV IBRE, a recuperação do minério e da soja foi determinante para a mudança de trajetória. Essa reversão interrompeu cinco meses consecutivos de deflação no atacado.
Com isso, o índice acumulou em 12 meses alta de 2,84%, reforçando sinais de pressão nos preços ao produtor.
Inflação ao consumidor
O IPC-10, que mede a inflação para famílias e representa 30% do índice geral, avançou 0,18% em agosto, após elevação de 0,13% em julho. O grupo Alimentação recuou 0,26%, mas outros itens pesaram no resultado.
Além disso, Saúde e Cuidados Pessoais tiveram alta de 0,78%, enquanto Despesas Diversas subiram 1,30%. Essas pressões compensaram a queda em alimentos e garantiram aceleração da inflação ao consumidor.
Desse modo, o comportamento mostra que, mesmo com recuos pontuais em alguns grupos, a inflação ainda encontra resistência para desacelerar.
Construção civil em destaque
O INCC-10, que acompanha os custos da construção civil, registrou avanço de 0,82% em agosto, superior ao aumento de 0,57% de julho. Esse resultado contribuiu para a alta geral do IGP-10 no mês.
Ademais, segundo a FGV, o índice reflete reajustes em materiais e mão de obra, fatores que seguem pressionando o setor. A tendência de alta na construção preocupa, pois influencia diretamente preços de imóveis e projetos de infraestrutura.
Portanto, no acumulado os três componentes, atacado, consumidor e construção, explicam a volta da inflação medida pelo indicador, ainda que em ritmo menor do que o previsto pelo mercado.