
- Crescimento de 16,7% e recomposição de estoques concluída.
- Ajustes em curso, mas com sinais de estabilização no 2S25.
- Valuation atrativo; a 11x lucros, com geração de caixa em retomada e ROIC em recuperação.
A Intelbras (INTB3) abriu a temporada de resultados do 2T25 com números mistos, mas acima das expectativas em alguns pontos. A empresa reportou crescimento de receita e lucro, embora o Ebitda e o retorno sobre o capital investido ainda mostrem os efeitos do início de ano fraco.
O lucro líquido saltou 15,9%, impulsionado por melhor resultado financeiro e menores despesas com juros, mesmo com impacto cambial negativo. Já a receita líquida cresceu 5,1%, puxada especialmente pelo desempenho robusto do segmento de segurança. Por outro lado, o Ebitda recuou e a margem encolheu, refletindo vendas mais concentradas no crédito e pressão de custos financeiros.
Segmento de segurança lidera com estoques normalizados
O destaque do trimestre foi, sem dúvida, a divisão de segurança. Após meses de ajustes, a empresa normalizou os estoques e retomou a entrega em carteiras que estavam atrasadas. Com isso, a receita atingiu R$ 779 milhões, representando 62,5% do consolidado.
Esse crescimento de 16,7% em relação ao 2T24 reforça o papel central da área de segurança na performance da companhia. A demanda segue firme, e a gestão conseguiu recompor margens mesmo em meio aos juros altos. Isso demonstra resiliência comercial e capacidade operacional ajustada.
Além disso, o avanço contribuiu diretamente para segurar a queda no Ebitda consolidado. Embora a margem tenha recuado de 13,4% para 12,4%, a estabilidade das despesas operacionais ajudou a suavizar o impacto negativo do Ajuste a Valor Presente (AVP), causado pelo maior volume de vendas a prazo.
TIC encara concorrência e energia busca reinvenção
Na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), a Intelbras enfrentou um cenário desafiador. A receita praticamente se manteve estável, com queda de 0,5% frente ao 2T24, alcançando R$ 264,9 milhões. A margem, no entanto, caiu, devido à necessidade de reduzir preços diante da concorrência intensa com provedores de internet.
A empresa também viu aumento na participação de cabos de rede, que oferecem menor rentabilidade. Ainda assim, manter volume de vendas e base de clientes foi crucial para preservar participação de mercado e garantir futuro fôlego no setor.
No segmento de energia, os números foram mais fracos. A receita caiu 19,6%, para R$ 202,4 milhões, após a decisão da empresa de pausar grandes projetos e focar em produtos com maior margem, como nobreaks e geradores solares residenciais. O lançamento de novos nobreaks em maio, inclusive, já mostra sinais de tração.
Expectativas para os próximos trimestres e recomendação mantida
O desempenho da Intelbras no 2T25 sugere um início de normalização após os desafios do primeiro trimestre. O ROIC, atualmente em 13,6%, deve melhorar gradualmente com a redução dos estoques acumulados e a recuperação do lucro operacional. A empresa projeta retomada de geração de caixa e crescimento do FCF Yield até o fim de 2025.
O setor de segurança deve continuar liderando, enquanto TIC deve estabilizar no segundo semestre. A energia, por sua vez, pode voltar a crescer com base nos novos produtos e ajustes no portfólio. Ainda que a rentabilidade esteja pressionada, a estratégia mais seletiva pode render frutos adiante.
Com múltiplos atrativos, negociando a cerca de 11 vezes o lucro, e sinais de retomada operacional, a recomendação de compra para INTB3 foi mantida. A ação representa 7% da carteira recomendada, com foco em crescimento gradual e retorno consistente nos próximos trimestres.