
- Inter inicia contas globais na Argentina em outubro, após consolidar presença nos EUA
- Banco já estuda outros países da América Latina e mira expansão para a Europa
- Estratégia global prioriza flexibilidade, serviços escaláveis e foco em clientes de alta renda
O Inter (INBR32) confirmou nesta semana que vai iniciar a emissão de contas globais na Argentina a partir de outubro. O movimento ocorre em meio à abertura econômica conduzida pelo governo de Javier Milei e marca um passo decisivo para consolidar o banco como player global.
Segundo o CEO João Vitor Menin, a estratégia é transformar o Inter em referência de conta internacional. A iniciativa já começa pela América Latina, mas com planos de expansão para a Europa nos próximos anos, além de um olhar de longo prazo para a Ásia.
Da Flórida a Buenos Aires
A jornada internacional do Inter começou oficialmente em 2022, quando migrou suas ações da B3 para a Nasdaq. A presença física se consolidou na Flórida, com lounge em Orlando e escritório em Miami. Agora, o banco digital se prepara para replicar a experiência na Argentina, adaptando produtos à realidade local.
Entre as funcionalidades já confirmadas estão poupança em dólar e investimentos em ETFs e bonds americanos. Além disso, a decisão, segundo Menin, é “facilitar a vida de brasileiros e argentinos que querem acesso direto ao mercado financeiro global”.
Portanto, a escolha da Argentina não é aleatória. A mudança de cenário político e econômico sob Milei abriu espaço para instituições financeiras digitais ampliarem sua atuação no país.
Ambição continental
O Inter já alcançou 40 milhões de clientes no Brasil e no exterior. Desse total, 4,8 milhões utilizam a “Global Account”, conta em dólar que cresceu 166% em apenas um ano. O próximo passo é levar essa experiência para outros dois países da América Latina, cujos nomes ainda são mantidos em sigilo.
Na sequência, a meta é desembarcar na Europa. “Pensamos no Ocidente como principal vetor inicial, por questões culturais e de fuso horário”, disse Menin. Assim, segundo ele, Ásia e África podem ser exploradas no futuro, mas não fazem parte da rota imediata.
Desse modo, o discurso reforça o posicionamento do banco: crescer de forma escalável, sem depender de aquisições, mas com base na plataforma própria que permite adaptação rápida em cada país.
Produtos sob medida
Apesar da agressiva expansão, nem todas as empresas replicarão os produtos brasileiros. Por exemplo, o Pix não deve ganhar espaço imediato fora do Brasil, embora empresas locais possam integrar versões próprias de pagamentos instantâneos.
Já a área de crédito também ficará para depois. “Talvez chegue em cinco anos. Vamos calibrar conforme o mercado permitir”, afirmou Menin. Além disso, a prioridade é manter a flexibilidade da plataforma, que possibilita começar em um país com apenas um produto e ir adicionando novos serviços com o tempo.
Portanto, essa estratégia, avalia o CEO, garante custo menor de entrada e mais velocidade para conquistar mercado.
Conexão com a alta renda
Nos Estados Unidos, o Inter já se associou a experiências premium. O naming rights do estádio Inter&Co Stadium, em Orlando, fortaleceu a presença da marca entre torcedores de futebol e futebol americano. Robôs entregadores com o logo do banco também circulam pelas ruas de Miami.
Ademais, o segmento “Inter Prime”, lançado em 2025, dá o tom da estratégia global. Voltado para clientes de maior poder aquisitivo, ele oferece benefícios como salas VIP, chip internacional e experiências exclusivas.
Por fim, a ideia é repetir esse posicionamento em outros países, conectando lifestyle, serviços financeiros e status.