Recursos perdidos

Investidores perdem até 93% em COEs de Braskem (BRKM5) e Ambipar (AMBP3)

XP e BTG enfrentam onda de reclamações após liquidação de produtos estruturados que devolveram valores irrisórios.

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  • Investidores perderam até 93% em COEs vendidos por XP e BTG.
  • Produtos dispararam cláusulas de vencimento antecipado e devolveram valores mínimos.
  • Crise reacendeu debate sobre transparência e regulação dos produtos estruturados.

Investidores que aplicaram em Certificados de Operações Estruturadas (COEs) da XP Investimentos e do BTG Pactual viram seus recursos praticamente evaporar. Produtos atrelados a papéis da Braskem e da Ambipar acionaram gatilhos de vencimento antecipado e devolveram menos de 10% do capital investido em alguns casos.

Desse modo, o impacto atingiu centenas de clientes de varejo e acendeu o alerta sobre a transparência dos bancos na oferta de instrumentos de risco elevado. As perdas chegaram a 93%, o que elevou a pressão por mudanças regulatórias.

XP confirma liquidações milionárias

A XP informou que os COEs da Ambipar emitidos até março de 2024 devolveram apenas 6,88% do valor aplicado. O pagamento ocorreu no mesmo dia, sem possibilidade de contestação.

Além disso, no caso da Braskem, os certificados emitidos até 25 de março de 2024 devolveram entre 26,62% e 36,97% do capital original. A corretora afirmou que enviará relatórios individuais para assessores acompanharem cada operação.

Assim, o episódio expôs os riscos de contratos vendidos como proteção, mas que permitem perdas severas quando papéis caem além de determinados limites.

BTG enfrenta reclamações de clientes

O BTG Pactual também comercializou COEs ligados às mesmas empresas e já enfrenta reclamações em massa. Em relatos publicados em plataformas como o Reclame Aqui, clientes denunciaram que seus investimentos desapareceram do extrato bancário.

O banco respondeu que a queda decorreu da mudança no regime de marcação a mercado, adotada após a Ambipar obter tutela cautelar para postergar vencimentos de dívidas. A partir desse ajuste, os extratos passaram a refletir apenas os valores dos instrumentos de hedge que compõem cada produto.

Apesar da justificativa, investidores afirmam que o banco falhou na comunicação de riscos e apontam omissões nos materiais comerciais que apresentavam os COEs como diversificação segura.

Debate sobre transparência e regulação

Especialistas lembram que os COEs são comercializados como alternativas de diversificação, mas escondem cláusulas que podem levar à perda quase total do capital. No caso da Ambipar e da Braskem, o gatilho de 50% de queda nos papéis bastou para zerar quase todo o valor aplicado.

Além disso, a responsabilidade recai formalmente sobre o investidor, que assina o questionário de suitability antes da compra. Entretanto, analistas argumentam que bancos e corretoras deveriam enfatizar com mais clareza os riscos de liquidação antecipada.

Nesse contexto, o episódio reacende discussões sobre regulação do mercado e pressiona autoridades a exigir transparência na venda de produtos estruturados, evitando que investidores de varejo sejam surpreendidos com perdas tão drásticas.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.