
- Ações caem 9% em 12 meses, mas expansão em papéis sustenta o otimismo.
- Lucro líquido de R$ 585 milhões, alta de 86% no ano.
- Analistas divergem: Hike recomenda venda, Genial e Santander projetam valorização.
A Klabin (KLBN11), gigante do setor de papel e celulose, vive um momento de reavaliação na Bolsa. Suas ações acumulam queda de 9% em um ano e recuo de 3,18% em outubro, negociadas a R$ 17,80. Mesmo com o desempenho fraco, analistas apontam que os novos investimentos em papéis e embalagens e o aporte de R$ 600 milhões em terras podem renovar o fôlego da companhia.
O cenário ainda é de cautela, mas o diversificado portfólio da Klabin, com operações em celulose, papel e embalagens, oferece proteção contra oscilações de preços internacionais, especialmente na celulose, o elo mais volátil da cadeia.
Operação milionária reforça caixa e reduz pressão financeira
Em setembro, a Klabin firmou um arrendamento de 30 mil hectares nos estados do Paraná e Santa Catarina, que resultou em aporte de R$ 600 milhões por parte de um investidor institucional. A transação reforçou o caixa e deu fôlego financeiro à empresa num momento de margens comprimidas e custos elevados.
Apesar da pressão logística e da demanda global enfraquecida, a companhia manteve margens acima do esperado, impulsionada pelo aumento dos preços de papel e embalagens e pela desvalorização do real, que favorece as exportações.
No 2º trimestre de 2025, a Klabin reportou lucro líquido de R$ 585 milhões, alta de 86% na comparação anual, e Ebitda ajustado de R$ 2,04 bilhões, com margem de 39%. A receita líquida cresceu 6%, a R$ 5,25 bilhões, sustentada pelos ganhos no segmento de papéis.
3º trimestre deve testar força operacional da empresa
O 3T25, segundo projeções da Hike Capital, mostrará se a empresa consegue equilibrar crescimento e eficiência. O Ebitda esperado é de R$ 2 bilhões, leve queda de 2% frente ao trimestre anterior, mas alta de 11% ante 2024.
Além disso, o segmento de papéis e embalagens deve compensar a fraqueza da celulose, com avanço de 16,8% no Ebitda, segundo a Genial Investimentos. Já a receita líquida deve permanecer em torno de R$ 5,2 bilhões, refletindo estabilidade entre ganhos de papel e perdas na celulose.
“Se o mercado enxergar melhora de execução e volumes, há espaço para reação”, afirma Gustavo Moreira, planejador financeiro. Portanto, a Klabin já sinalizou intenção de superar volumes de 2024, o que pode sustentar margens e confiança no médio prazo.
Riscos e recomendações: entre a paciência e o otimismo
Especialistas alertam que há três riscos principais para o investidor:
- Desaceleração global e queda da demanda por celulose e embalagens.
- Custos e câmbio — um real mais forte reduz margens e competitividade.
- Endividamento alto, que limita novos investimentos e pressiona o retorno ao acionista.
Ademais, a Hike Capital mantém recomendação de venda, destacando o ambiente desafiador e o nível de alavancagem em 3,9x Ebitda, próximo do limite interno. Já a Genial Investimentos recomenda compra, com preço-alvo de R$ 23,50, potencial de valorização de 35%. O Santander mantém visão outperform, projetando até R$ 33 em 12 meses.
Por fim, para o investidor, o consenso é claro: a Klabin segue sólida, mas o retorno expressivo depende da retomada das margens e da normalização do cenário global.