
- IPCA e PPI reforçam ambiente de desaceleração, mas sem euforia.
- Fed deve iniciar cortes em setembro; Copom tende a esperar até 2026.
- CPI dos EUA será o gatilho que pode destravar ou travar a Bolsa.
O IPCA registrou deflação de 0,11% em agosto, sinalizando um alívio inflacionário mais brando do que o esperado pelo mercado. Ao mesmo tempo, o PPI dos Estados Unidos caiu 0,1%, frustrando as projeções de alta e reforçando o debate sobre política monetária global.
Para analistas, os dados não alteram a tese de investimentos na Bolsa brasileira. A visão é que o mercado local continua barato, mas que o rumo da B3 nos próximos meses será ditado muito mais pelas decisões do Federal Reserve do que pelo cenário doméstico.
Inflação no radar
O IPCA mostrou recuo depois da alta de 0,26% em julho, confirmando a trajetória de queda já observada há 14 semanas. No entanto, a intensidade menor em relação às projeções sugere cautela para o Copom.
Já nos EUA, a queda do PPI reforça a expectativa de que o Fed esteja próximo de iniciar cortes de juros, abrindo espaço para maior fluxo de capital em ativos de risco.
Para o investidor, o quadro indica que, embora a Selic siga em 15%, fatores externos devem pesar mais no desempenho da B3.
O papel do Fed
Hoje, 91% dos agentes de mercado apostam em um corte de 25 pontos-base pelo Fed ainda em setembro. Até o fim do ano, já se precifica uma queda acumulada de 72 pontos-base na maior economia do mundo.
Esse movimento tende a fortalecer o apetite por bolsas globais e pode impulsionar ações brasileiras negociadas a múltiplos descontados.
Por outro lado, no Brasil, a cautela fiscal e o BC resistente em flexibilizar a Selic mantêm os investidores em compasso de espera, o que adia gatilhos locais de valorização.
CPI será o divisor de águas
O CPI dos EUA, que será divulgado nesta quinta-feira (11), é visto como o dado mais relevante da semana. Caso venha abaixo das expectativas, a tese de corte de juros praticamente se confirma.
Esse cenário poderia destravar um rali de curto prazo para a B3, beneficiando setores mais ligados a fluxo estrangeiro, como bancos e commodities.
Se vier acima do previsto, no entanto, o mercado pode reduzir o otimismo, fortalecendo o dólar e impondo pressão negativa sobre ativos brasileiros.