
A Genial Investimentos avaliou como positivo, mas sem grandes surpresas o balanço financeiro do 1° trimestre (1T25) da JBS (JBSS3), divulgado após o fechamento do mercado da última segunda-feira (13).
Embora os números tenham vindo levemente abaixo do esperado, ficaram em linha com o consenso de mercado.
Nesse sentido, a casa manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 54,50, projetando um upside de 33,4%, sustentado principalmente pela listagem primária na Bolsa de Nova York (NYSE), prevista para 12 de junho.
Resumo do desempenho da JBS no 1° trimestre:
- Receita líquida: R$ 114,1 bilhões (+28% vs 1T24)
- EBITDA ajustado: R$ 8,9 bilhões (+38,9% vs 1T24)
- Margem EBITDA: 7,8% (-1,4 p.p. vs 4T24)
- Lucro líquido: R$ 2,9 bilhões (+77,6% vs 1T24)
- Fluxo de caixa livre (FCF): -R$ 5,4 bilhões (Queima de caixa acima da média histórica do 1º trimestre)
- CAPEX: R$ 1,4 bilhão
- Dívida líquida / EBITDA: 2,0x em reais (vs. 2,2x no 4T24)
Seara, Brasil e PPC são os destaques positivos
Entre as unidades de negócio, Seara se destacou com margem de 19,8%, beneficiada por boa execução comercial e spreads favoráveis na exportação, mesmo diante da alta no custo do milho.
Já a JBS Brasil (4,1%) surpreendeu positivamente, com bom desempenho nas exportações e repasses internos, apesar da forte alta no preço da arroba do boi.
A Pilgrim’s Pride (PPC) também manteve margem elevada (14,8%), mesmo com alta nos custos de grãos e volatilidade cambial.
Beef América do Norte, Pork EUA e Austrália decepcionam
Do lado negativo, a unidade de Beef na América do Norte voltou ao prejuízo operacional, com margem de -1,6%, impactada pela alta do gado nos EUA e dificuldade de repasse.
Assim como divisão de suínos (USA Pork) também decepcionou, com margem de 12,4%, pressionada por custos e uma base comparativa forte.
Na Austrália, a margem de 9,9% veio levemente abaixo do estimado, influenciada pelos preços elevados do gado e desempenho fraco nas operações de salmão.
Forte queima de caixa acende alerta sobre JBS
O fluxo de caixa livre (FCF) foi negativo em R$ 5,4 bilhões, acima da expectativa da Genial, que projetava uma queima de R$ 3,1 bilhões.
A casa ressalta que é comum haver queima de caixa no primeiro trimestre, mas o volume foi acima da média histórica, puxado por maior pagamento de impostos e consumo de capital de giro.
O CAPEX somou R$ 1,4 bilhão, e a alavancagem medida pela dívida líquida/EBITDA ficou em 2,0x em reais (queda de 0,2x t/t), beneficiada pela valorização do real frente ao dólar.
Listagem da JBS na NYSE pode destravar valor
A Genial reforça que o principal driver de valorização no curto prazo é a dupla listagem da companhia, com ações na NYSE e BDRs na B3.
Dessa forma, a JBS poderá acessar mais capital internacional e se tornar elegível para índices como o Russell 1000 e, futuramente, o S&P 500.
A corretora estima que, caso o múltiplo EV/EBITDA da JBS (hoje em 5,8x) converja para a média do setor global (7,5x), a ação teria potencial de valorização de até 29%, mesmo considerando um pequeno desconto frente aos pares.
Governança dual-class preocupa, mas impacto deve ser limitado
A estrutura de ações com supervoto (dual-class), que será votada em assembleia no dia 23 de maio, recebeu críticas da consultoria ISS, que alertou para riscos aos direitos dos minoritários.
Assim, a Genial reconhece os pontos levantados, mas acredita que a estrutura será aprovada, já que muitos investidores locais estão focados no ganho de curto prazo com a reprecificação dos papéis.
Risco externo: trégua entre EUA e China pode afetar exportações
Outro fator de atenção é a redução temporária de tarifas comerciais entre EUA e China, anunciada recentemente.
A medida pode permitir o retorno da carne norte-americana ao mercado chinês, aumentando a concorrência e pressionando as exportações brasileiras — um risco especialmente relevante para grandes frigoríficos como a JBS.