Viés de baixa

JPMorgan rebaixa Assaí (ASAI3) para venda e vê 2026 mais difícil: ações caem mais de 4%

O banco americano cortou recomendações e projeções para o Assaí, citando risco de desaceleração de vendas e inflação de alimentos mais fraca no próximo ano.

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assai GDI
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  • JPMorgan rebaixa Assaí (ASAI3) de neutro para venda e reduz preço-alvo para R$ 8,50.
  • Banco vê cenário mais fraco até 2026, com SSS negativas e margens menores.
  • Ações caem mais de 4%, com o setor de varejo alimentício enfrentando pressão de custos e demanda.

O JPMorgan reduziu a recomendação do Assaí (ASAI3) de neutro para venda, após observar sinais de deterioração nas vendas do varejo alimentar e projeções mais desafiadoras para 2026. O preço-alvo foi cortado de R$ 11,50 para R$ 8,50, com expectativa de lucro por ação (EPS) de R$ 0,68 no próximo ano.

Por volta das 10h45, as ações ASAI3 recuavam 4,25%, cotadas a R$ 8,11. Segundo o banco, o cenário para o varejo alimentar mostra desaceleração da inflação de alimentos e consumidor mais sensível a preços, o que limita ganhos de margem e crescimento de volume.

Cenário mais difícil e revisão de projeções

Nos últimos meses, o JPMorgan identificou tendências negativas no setor. A inflação menor reduz o valor nominal das vendas, enquanto os consumidores mantêm o comportamento de trade-down, optando por produtos mais baratos. Essa combinação deve enfraquecer o ritmo de crescimento do atacarejo nos próximos trimestres.

Além disso, o banco agora projeta risco de vendas mesmas lojas (SSS) negativas no primeiro semestre de 2026. A expectativa é que a recuperação de volumes seja lenta, mesmo com promoções e ajustes de preços. Para o banco, a queda da inflação deve “restringir o espaço de ganhos operacionais”.

Como reflexo, o JPMorgan reduziu as estimativas de vendas, Ebitda e lucro por ação do Assaí para 2026 em 7%, 9% e 34%, respectivamente. Portanto, o corte mostra que o banco vê crescimento limitado e menor eficiência operacional no curto prazo.

Inflação de alimentos pressiona varejo

A inflação de alimentos deve cair de cerca de 7% para 5% até o fim de 2025, segundo o relatório. A tendência é que em 2026 o indicador fique 1 ponto percentual abaixo da inflação geral, o que afeta a alavancagem operacional e limita o crescimento de receita no setor.

Com a inflação menor, a produtividade por área de vendas também tende a cair. Sendo assim, o banco lembra que há correlação histórica entre inflação e desempenho de SSS: quando os preços sobem menos, as vendas costumam crescer menos também. Assim, o varejo alimentar deve enfrentar momentum mais fraco até 3T26.

Desse modo, o JPMorgan considera que o ambiente competitivo continuará intenso, com consumidores priorizando marcas próprias e produtos promocionais. Isso pressiona margens e reduz a capacidade de repasse de preços.

Margens e desafios operacionais

O banco prevê margem Ebitda ajustada de 7,5% em 2026, ligeiramente menor que a atual. Mesmo com margem bruta estável, o ritmo de vendas mais fraco tende a reduzir a eficiência operacional. As despesas de vendas por metro quadrado seguem controladas, mas a alta rotatividade de funcionários pode elevar custos.

Além disso, o relatório destaca que o Assaí mantém eficiência, mas o espaço para ganhos de produtividade é cada vez menor. O banco cita que o endividamento deve cair gradualmente, embora de forma mais lenta que o esperado. Com isso, o guidance de alavancagem para 2025 está em risco, e as melhorias projetadas para 2026 são consideradas limitadas.

O Assaí negocia hoje a 15x e 9x P/L (IFRS16) para 2026 e 2027, e 12,5x e 8x sob IAS17, acima da média do varejo brasileiro (9,5x). Portanto, para o JPMorgan, esse múltiplo elevado não reflete o enfraquecimento do cenário de curto prazo.

Visão geral e reação do mercado

Analistas afirmam que o rebaixamento do JPMorgan pode reforçar a pressão sobre as ações no curto prazo. Então, a percepção é de que 2026 será um ano de ajuste, com consumidores cautelosos e crescimento mais lento do varejo alimentar.

Ademais, mesmo com fundamentos sólidos e boa execução operacional, o Assaí enfrenta um ambiente competitivo e margens comprimidas. Para o banco, não há gatilhos positivos de curto prazo que justifiquem a volta ao campo de compra.

Por fim, no acumulado de 2025, ASAI3 ainda sobe 57%, mas a correção de outubro indica perda de fôlego na tendência. O mercado agora aguarda novas projeções do quarto trimestre, que devem confirmar se a empresa conseguirá manter rentabilidade em meio à desaceleração do setor.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.