
- Fed corta juros em 0,25 p.p. e dot plot indica mais dois cortes ainda em 2025.
- Análises divergem: Nomad e XP alertam para cautela, Binance vê impulso em cripto.
- Brasil sai fortalecido: diferencial de juros amplia fluxo para a B3 e reforça atração por ativos domésticos.
O Federal Reserve confirmou nesta quarta-feira (17) o que o mercado já esperava: um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, agora entre 4% e 4,25%. Mas o que parecia apenas mais uma decisão previsível trouxe um detalhe que chamou atenção dos investidores.
O dot plot, conjunto de projeções dos dirigentes do Fed, indica mais dois cortes de juros ainda em 2025, o que levou o mercado a precificar uma redução total de 0,5 ponto até dezembro. A medida reforça a expectativa de maior liquidez global, mas a leitura do comunicado foi de cautela e foco no mercado de trabalho.
Analistas dividem leitura sobre a decisão
O voto dissidente do recém-empossado Stephen Miran, indicado por Donald Trump e defensor de um corte mais agressivo de 0,5 p.p., gerou debate sobre a independência do banco central americano. Para alguns economistas, isso mostra a pressão política sobre o FOMC, mesmo com Powell tentando preservar o tom técnico.
Nesse sentido, o GDI consultou diversos analistas para abordar os possíveis e prováveis impactos da decisão. Paula Zogbi, da Nomad, vê risco de frustração, já que o Fed sinalizou apenas cortes moderados e mantém discurso dependente de dados. Já para Sara Paixão, da InvestSmart XP, a grande virada foi o Fed reconhecer fragilidade no mercado de trabalho, que antes era visto como sólido.
Por fim, em outra análise, Guilherme Nazar, da Binance, destacou que o movimento pode beneficiar diretamente os ativos de risco. Segundo ele, um ambiente de juros em queda tende a sustentar demanda por BTC, ETH e altcoins de qualidade, desde que ETFs e liquidez sigam firmes.
Impacto imediato na economia global
O corte foi classificado por Powell como uma “gestão de risco”, ou seja, uma ação preventiva diante de sinais de desaceleração. O Fed tenta evitar que os juros reais fiquem excessivamente restritivos enquanto a inflação recua de forma gradual.
Nos EUA, a reação foi moderada: o Dow Jones subiu, mas Nasdaq e S&P500 fecharam em leve queda. Powell reforçou que novos cortes dependem de dados de inflação e emprego, o que mantém o mercado em compasso de espera.
No cenário global, a expectativa é de que um dólar mais fraco alivie condições financeiras em emergentes e fortaleça ativos de risco, com destaque para mercados asiáticos e moedas ligadas a commodities.
Reflexos diretos no Brasil
Na B3, a decisão reforça o diferencial de juros frente à Selic em 15%, tornando o Brasil ainda mais atrativo para investidores internacionais. Esse fluxo deve beneficiar especialmente bancos, varejo e empresas ligadas ao consumo doméstico.
Os analistas lembram que, em ciclos anteriores de queda de juros nos EUA, o Ibovespa entregou retorno médio de 32% em 12 meses. O setor de propriedades comerciais costuma ser um dos primeiros a reagir positivamente.
No câmbio, o real oscilou durante o pregão, mas a tendência para os próximos meses é de fortalecimento, caso os cortes avancem em linha com as expectativas.