Visão otimista

Kinea surpreende e volta a apostar na China: de “mercado proibido” a nova estrela dos emergentes

Após anos de ceticismo, a Kinea muda de postura e volta a ver oportunidades na China, impulsionada por avanços em IA, tecnologia e varejo digital.

Apoio

Crédito: Depositphotos.
Crédito: Depositphotos.
  • Kinea volta a ver potencial na China, impulsionada por IA, varejo e tecnologia.
  • DeepSeek e apoio estatal marcam a virada positiva e aceleram a inovação local.
  • Empresas como Xiaomi, Huawei e Alibaba lideram nova fase de crescimento no país asiático.

A Kinea Investimentos publicou nesta quinta-feira (23) o relatório “Mistérios de Chinatech”, no qual revela uma visão otimista sobre o mercado chinês. Até o fim de 2024, o país era considerado “não investível” por muitos gestores, mas a recuperação tecnológica e o apoio estatal mudaram a percepção global sobre o gigante asiático.

Segundo a gestora, o avanço de startups de inteligência artificial (IA), o fortalecimento de empresas locais de tecnologia e a valorização de 40% dos índices chineses em dólar em 2025 foram decisivos para essa reviravolta. O relatório destaca ainda que a China “voltou ao radar” dos grandes investidores internacionais.

IA e apoio estatal impulsionam a virada

A Kinea identifica o lançamento do DeepSeek, em janeiro de 2025, como o ponto de virada para a confiança na China. O modelo de IA de código aberto simbolizou a retomada da inovação local, apoiada diretamente pelo governo central. Segundo a gestora, a integração entre startups e grandes companhias acelerou a adoção tecnológica e trouxe novo dinamismo à economia chinesa.

A análise ressalta que o país se destaca pela velocidade de implementação de novas tecnologias, reflexo de um Estado centralizado, regras de privacidade mais flexíveis e uma cultura aberta a testar inovações. Esses fatores, combinados, colocam a China em uma “posição única no mundo” para liderar setores emergentes.

Outro ponto relevante é o papel do e-commerce e dos veículos elétricos (EVs), que já representam metade das vendas de automóveis no país. O crescimento acelerado desses segmentos mostra, segundo a Kinea, que a “nova China tecnológica” é mais diversificada e resiliente do que em ciclos anteriores.

O setor de tecnologia em transformação

Apesar da melhora estrutural, a gestora aponta que parte do setor de tecnologia chinês ainda enfrenta desafios. O e-commerce perdeu ritmo e cresce no mesmo patamar do varejo físico, enquanto o setor de games sofre com regulações mais rígidas impostas pelo Partido Comunista Chinês. O número de jogos aprovados caiu 70% em um ano, derrubando as ações das principais desenvolvedoras.

Mesmo assim, a Kinea vê o momento como um “teste de solidez”. O cenário de regulação mais severa pode, no médio prazo, fortalecer empresas com estruturas mais transparentes e adaptáveis. Segundo o relatório, “as companhias que sobreviverem a esse ciclo sairão mais fortes e alinhadas com as novas prioridades do governo”.

Na frente de consumo, o país segue à frente dos EUA em digitalização: 35% das vendas totais vêm do comércio eletrônico, cerca de 10 pontos percentuais acima dos Estados Unidos. Portanto, esse diferencial reforça a maturidade tecnológica e a força da demanda doméstica chinesa.

Novos nomes e apostas da Kinea

Entre as oportunidades, a Kinea cita Xiaomi, Huawei, Alibaba, Baidu e novas fabricantes de chips como Cambricon, Biren, Moore Threads e MetaX. A gestora afirmou que essas empresas simbolizam o “renascimento da inovação chinesa”. Elas podem se beneficiar do avanço da IA generativa e da política industrial agressiva de Pequim.

A Kinea, no entanto, alerta que o mercado ainda carrega riscos relevantes, como a competição acirrada no varejo online e as tensões geopolíticas com os EUA, especialmente em torno da exportação de semicondutores. Mesmo assim, o retorno de figuras simbólicas como Jack Ma e o interesse de investidores estrangeiros reacenderam a confiança no país.

Por fim, para a gestora, a combinação de baixo custo tecnológico, forte política estatal e ecossistema maduro de inovação torna a China uma aposta estratégica para 2025. “O investidor que ignorar o país neste ciclo corre o risco de perder a próxima grande onda dos emergentes”, conclui o relatório.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.