Efeito Flávio Dino

Lei Magnitsky provoca sangria e bancos brasileiros derretem valor de mercado em um único dia

Decisão de Flávio Dino acendeu alerta no mercado e abriu impasse entre o STF e as exigências dos Estados Unidos.

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Lei Magnitsky provoca sangria e bancos brasileiros derretem valor de mercado em um único dia
  • Bancos brasileiros perdem quase R$ 42 bilhões após decisão de Flávio Dino sobre Lei Magnitsky
  • Itaú, BTG, Bradesco, Banco do Brasil e Santander lideram quedas na B3
  • Especialistas alertam que impasse entre STF e EUA pode gerar crise financeira sem precedentes

O mercado financeiro brasileiro entrou em turbulência na última terça-feira (19) após a decisão do ministro Flávio Dino sobre a validade de leis estrangeiras no país. Apenas em um pregão, os cinco maiores bancos perderam R$ 41,98 bilhões em valor de mercado.

O movimento foi interpretado como reação direta à incerteza em torno da Lei Magnitsky, que já atingiu Alexandre de Moraes e ameaça criar um impasse explosivo entre o STF, o governo americano e as instituições financeiras brasileiras.

A derrocada bilionária nas ações

Os números do pregão não deixam margem para dúvidas: Itaú Unibanco, BTG Pactual, Bradesco, Banco do Brasil e Santander registraram fortes quedas de valor de mercado, conforme levantamento de Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria. No agregado, foram quase R$ 42 bilhões evaporados em poucas horas de negociação.

Assim, o Itaú liderou as perdas, com desvalorização de 14,71%, seguido por BTG (-11,42%), Bradesco (-5,40%), Banco do Brasil (-7,25%) e Santander (-3,20%). Além dos bancos, ao se considerar todas as empresas listadas na B3, o tombo totalizou R$ 88,44 bilhões em um único dia.

Desse modo, a reação violenta revela a insegurança dos investidores diante da possibilidade de represálias dos Estados Unidos contra empresas brasileiras que não cumprirem sanções impostas por Washington.

O recado de Dino e o choque com os EUA

Na decisão divulgada na segunda-feira (18), Dino reforçou que leis e decisões judiciais estrangeiras só têm validade no Brasil quando reconhecidas pela Justiça nacional. A mensagem foi interpretada como um sinal de que os bancos não deveriam seguir automaticamente as determinações da Casa Branca contra Moraes.

Além disso, o problema é que as sanções da Lei Magnitsky não se limitam a restrições individuais. Elas também atingem qualquer empresa estrangeira que mantenha relações com pessoas ou instituições punidas e possua negócios nos Estados Unidos. No caso dos bancos brasileiros, todos têm operações relevantes no mercado americano.

Portanto, a leitura imediata dos analistas foi de que as instituições podem ficar encurraladas: obedecer ao STF e arriscar sanções nos EUA, ou seguir Washington e enfrentar questionamentos dentro do Brasil.

Especialistas falam em crise iminente

Para Ricardo Inglez de Souza, especialista em comércio internacional, a decisão abre uma frente de crise delicada. Ele alerta que qualquer cenário pode punir as empresas brasileiras, aumentando a percepção de risco e ameaçando a estabilidade do mercado financeiro.

Ademais, segundo ele companhias com forte exposição internacional, sobretudo no setor bancário, estarão sob enorme pressão até que haja clareza sobre os limites da decisão. Isso pode se refletir não apenas no preço das ações, mas também na entrada de investimentos estrangeiros no país.

Por fim, na visão de operadores do mercado, o caso reacende uma dúvida central: até onde o Brasil está disposto a confrontar os Estados Unidos para defender a autonomia de suas instituições.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.