Petróleo e Gás

Leilão da ANP: Petrobras investe menos e sai por cima – entenda

Leilão marca avanço fiscal e sinaliza apetite renovado por fronteiras exploratórias no Brasil

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A XP Investimentos viu com bons olhos o resultado da 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que arrecadou R$ 989 milhões em bônus de assinatura.

Embora considerado de menor escala por envolver blocos marginais — como áreas devolvidas ou não arrematadas em rodadas anteriores — o leilão surpreendeu pela forte demanda por blocos localizados na Bacia da Foz do Amazonas, na chamada Margem Equatorial, que concentrou 85% do valor arrecadado.

Segundo análise da casa, o resultado é positivo tanto do ponto de vista fiscal — com impacto estimado já em 2025 — quanto estratégico para o setor de petróleo e gás, ao mostrar o alto nível de interesse por essa nova fronteira exploratória.

A Chevron liderou os compromissos de bônus, com 35% do valor total, seguida pela CNPC (23%), Petrobras (PETR4) (14%) e Exxon (13%).

Petrobras: liderança em blocos, cautela em investimentos

A Petrobras saiu do leilão com 13 blocos arrematados, a maior quantidade entre as licitantes, mas com uma postura considerada conservadora no quesito financeiro: R$ 139 milhões em bônus, ficando atrás das gigantes Chevron e CNPC.

A petroleira estatal participou de consórcios com a Exxon (Foz do Amazonas) e com a Galp (Pelotas), estratégia que analistas veem como positiva, por diluir riscos e evitar alocação excessiva de capital em áreas ainda incertas.

O compromisso da estatal se concentrou inteiramente em blocos em águas profundas e ultraprofundas, compatíveis com sua especialização técnica.

A XP destaca que o investimento não deve alterar projeções de fluxo de caixa livre (FCFE) e dividendos da companhia, mantendo a disciplina financeira em um ambiente de maior escrutínio político.

Seletividade e prêmio indicam forte apetite exploratório

Segundo a Genial Investimentos, o leilão reforça a tese da Margem Equatorial como próxima grande fronteira do setor, mesmo sendo uma rodada considerada “menor”. Dos 334 blocos ofertados, apenas 34 foram arrematados, um índice que revela alta seletividade, mas também a disposição das petroleiras em pagar prêmios de até 800% sobre o valor mínimo exigido, especialmente na Bacia da Foz do Amazonas.

Ainda que os campos sejam marginais em termos de expectativa de investimento (comparados a rodadas tradicionais), a presença de majors como Chevron, Exxon e CNPC sugere que o potencial exploratório pode ser significativo.

O interesse internacional também reforça o posicionamento estratégico da Margem Equatorial — região frequentemente comparada ao pré-sal em termos de relevância prospectiva.

Como funciona a Oferta Permanente?

A Oferta Permanente de Concessão permite licitar blocos devolvidos ou de menor atratividade em leilões anteriores, em regime contínuo.

A seleção dos vencedores leva em conta dois critérios: bônus de assinatura (peso de 80%) e o programa exploratório mínimo (peso de 20%) — que envolve compromissos com perfuração e aquisição sísmica.

Nesta rodada, a área total leiloada foi de 28.359 km², com previsão de R$ 1,5 bilhão em investimentos na fase de exploração.

Como a ANP não divulga o volume prospectivo estimado dos blocos, essa informação fica restrita às empresas licitantes, que baseiam suas ofertas em análises internas de dados sísmicos e técnicos.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.