Abaixo da previsão

Leilão do pré-sal decepciona governo após Petrobras (PETR4) e Shell levarem tudo sem disputa

Arrecadação ficou abaixo do esperado após falta de propostas por Tupi.

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Reuters
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  • Governo minimiza impacto fiscal com empoçamento estimado em R$ 10 bi.
  • Petrobras (PETR4; PETR3) e Shell arrematam duas áreas por R$ 8,8 bi.
  • Ausência de disputa e falta de lance por Tupi frustrou arrecadação.

A Petrobras (PETR4; PETR3) e a Shell arremataram, sem qualquer concorrência, duas das três áreas ofertadas em um leilão inédito de participações da União em campos já em produção no pré-sal. O resultado garantiu R$ 8,8 bilhões ao governo, abaixo da previsão oficial mais recente, que apontava para R$ 10,2 bilhões em receitas.

A ausência de lances pela área de Tupi, considerada a mais sensível, reduziu a arrecadação e frustrou expectativas já revistas para baixo.

Consórcio leva Mero e Atapu com deságio implícito

O consórcio garantiu 3,5% de participação da União no campo de Mero por R$ 7,79 bilhões, pouco acima do mínimo de R$ 7,65 bilhões. Em Atapu, a fatia arrematada foi de 0,95%, pelo valor de R$ 1 bilhão, também próxima do piso de R$ 863 milhões. As empresas já operam os dois campos em parceria, o que reduziu riscos e acelerou a tomada de decisão.

A ausência de concorrentes chamou atenção, especialmente porque dez empresas acessaram o data room, e sete chegaram a se credenciar para participar. Segundo a PPSA, responsável pelo certame, o interesse inicial não se converteu em propostas firmes. A estatal destacou que as vencedoras devem obter ganhos relevantes com a operação.

Internamente, o governo contava com maior apetite por Tupi e ágio mais alto nos demais ativos. Com cenário mais conservador, o resultado ficou aquém do desejado.

Tupi não recebe propostas e permanece com a União

A área mais aguardada, referente a 0,833% da jazida de Tupi, tinha valor mínimo de R$ 1,69 bilhão, mas não recebeu ofertas. Para a PPSA, isso indica que compradores avaliaram o ativo de forma mais cautelosa que o governo. Mesmo assim, a União continuará recebendo e comercializando o petróleo correspondente à sua participação, mantendo fluxo de receitas.

O certame foi organizado às pressas para que o resultado fosse contabilizado no orçamento de 2025, substituindo o modelo anterior, no qual o governo comercializava diretamente o petróleo. A ausência de lances, embora indesejada, não altera a continuidade operacional do campo.

Segundo a PPSA, o leilão ainda representou um “bom negócio” para as empresas vencedoras, que ampliam participação em ativos de alta produtividade no pré-sal.

Arrecadação menor não muda cenário fiscal

Apesar da frustração de R$ 1,4 bilhão, o Ministério da Fazenda avalia que o impacto é marginal. O governo conta com o chamado empoçamento de recursos, que deve chegar a R$ 10 bilhões, valor relacionado a despesas autorizadas e não executadas por barreiras burocráticas. Esse colchão compensa frustrações de receita e ajuda a meta fiscal.

Ademais, o Tesouro acredita que, com esse mecanismo, a diferença do leilão não coloca risco adicional ao planejamento para 2025. A avaliação é de que o certame cumpriu seu papel, mesmo sem atingir o teto previsto em estimativas anteriores.

Por fim, com o resultado, Petrobras e Shell reforçam presença no pré-sal, enquanto a União mantém parte relevante de Tupi e segue ajustando seu modelo de participação nos campos já produtivos.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.