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Licença da Petrobras na Foz do Amazonas pode sair antes da COP30, mas ajustes ainda travam avanço

Estatal já entregou simulado exigido, mas Ibama pede revisão em planos de emergência para liberar perfuração em águas profundas.

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Licença da Petrobras na Foz do Amazonas pode sair antes da COP30, mas ajustes ainda travam avanço
  • Petrobras está próxima da licença para perfurar na Foz do Amazonas, faltando apenas revisão de planos.
  • Ibama aprovou simulado, mas apontou falhas no resgate de animais e uso irregular de embarcações.
  • COP30 pode influenciar a decisão, ampliando pressões políticas e ambientais sobre o governo.

A Petrobras (PETR4) afirmou que está a um passo de obter a licença de operação na Foz do Amazonas, dependendo apenas da entrega de planos revisados solicitados pelo Ibama. A autorização permitirá à estatal perfurar um poço exploratório em águas profundas do Amapá.

Segundo a companhia, o Ibama sinalizou que exigirá um novo simulado durante a fase de perfuração após emitir a licença. Esse procedimento é comum nos processos de licenciamento.

Ajustes em plano de emergência

A declaração da Petrobras veio após o Ibama aprovar o simulado de emergência realizado em agosto, exigência para liberar a perfuração na região. O órgão aprovou o plano, mas destacou falhas no resgate de animais contaminados por óleo e alertou que um acidente pode causar perda de biodiversidade.

Sendo assim, entre os problemas relatados, o Ibama mencionou uso de barcos não autorizados, pilotos sem equipamentos de segurança e até incidentes durante o exercício, como embarcações presas em redes de pesca e bancos de areia no rio Oiapoque.

Desse modo, mesmo com as críticas, o relatório foi recebido como um avanço pela estatal. Internamente, a avaliação é de que a licença é inevitável, mas dependerá da entrega dos ajustes exigidos.

Expectativa do setor

O setor de petróleo vê a região da Foz do Amazonas como uma das maiores apostas para abrir uma nova fronteira exploratória de petróleo e gás no Brasil, em linha com o potencial já explorado pela Exxon Mobil na Guiana.

A licença, porém, enfrenta resistência de ambientalistas e até de setores do governo federal, que alertam para os riscos socioambientais em uma região sensível e estratégica. Além disso, o debate deve se intensificar à medida que o Brasil se aproxima da COP30, marcada para novembro em Belém.

Portanto, segundo fontes do setor, a proximidade do evento pode tanto acelerar a decisão, como também dificultar a concessão diante da pressão internacional. “Acho que tem um caminho ainda a percorrer”, disse uma fonte, sob anonimato.

Pressão política e ambiental

O avanço do processo de licenciamento coloca o governo em uma posição delicada: de um lado, a necessidade de atrair investimentos e ampliar a produção de petróleo; de outro, o desafio de conciliar a exploração com os compromissos climáticos internacionais.

Ademais, a Petrobras já informou que reapresentará os planos revisados, etapa final antes da análise do Ibama. Caso seja aprovada, a estatal poderá iniciar a perfuração ainda em 2025, apesar das controvérsias.

Por fim, no mercado a expectativa é de que a decisão impacte diretamente as ações da Petrobras, refletindo a abertura de uma nova frente de exploração com grande potencial de retorno financeiro.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.