
Após uma série de reuniões com executivos da Lojas Renner (LREN3) na Europa, o BTG Pactual reforçou a confiança na tese da varejista, destacando a consistência dos seus pilares estratégicos e o avanço visível em eficiência operacional, mesmo após uma valorização expressiva de 54% nas ações no acumulado do ano.
Nesse sentido, o banco elevou o preço-alvo de R$ 20,00 para R$ 22,00 por ação para 2025, considerando o papel negociado a 13x P/L (Preço/Lucro) para 2025 e 11x para 2026.
“Ainda vemos uma tese convincente para os próximos trimestres, com a Renner equilibrando eficiência operacional, disciplina de expansão e maturação digital em um mercado altamente desafiador”, aponta o BTG.
Segundo os analistas, os executivos — entre eles o CEO Fabio Faccio, o CFO Daniel Santos e o gerente de RI Maurício Toller — transmitiram “grande confiança nos pilares estratégicos da empresa: um modelo de varejo voltado para a moda e baseado em dados; expansão disciplinada em regiões com baixa penetração; e uma plataforma omnicanal em rápida maturação.”
Margens em recuperação e estoque mais saudável
Para o BTG, os resultados do primeiro trimestre confirmaram o avanço da Renner nos principais indicadores operacionais, especialmente na recuperação das margens e na qualidade do estoque. “As margens brutas de varejo melhoraram devido a descontos menores, maior venda a preço cheio e curadoria mais forte das coleções, apoiada pela detecção de tendências por IA”, afirmou o banco.
O novo modelo de reposição de SKUs foi destacado como um dos pontos-chave da eficiência: “A alocação precisa por loja e canal está reduzindo a exposição a rupturas de estoque e a necessidade de descontos”, escreveram os analistas.
Outro destaque foi a evolução da estrutura logística e da infraestrutura omni-DC, que permite maior integração entre o estoque físico e online.
Realize ganha relevância e vira motor de rentabilidade
A vertical de serviços financeiros da companhia, a Realize, também foi apontada como um vetor relevante de crescimento e lucratividade.
“A inadimplência >90 dias caiu 430bps a/a, para 14,1%, com a originação focada em clientes fiéis”, destacou o BTG. Segundo o CFO Daniel Santos, o financiamento interno se tornou uma vantagem competitiva, especialmente em um ambiente de maior custo de capital para as fintechs.
A contribuição da Realize para o GMV (volume bruto de vendas) da Renner já atinge 30%, e a expectativa do BTG é que essa unidade represente 13% do EBITDA consolidado até 2028, ante os 7% atuais. “A Realize reforça a fidelidade do cliente e melhora a conversão de crédito, especialmente nas classes B e C”, acrescentaram.
Expansão seletiva
O plano de expansão da Renner para 2025 foi descrito como disciplinado e estratégico, com previsão de abrir 15 a 20 lojas Renner, 10 a 15 unidades da Youcom e retomar a expansão da Camicado, com 1 a 2 lojas.
A empresa também acelera reformas nas lojas antigas, reduzindo custo por metro quadrado.
Já no digital, a Renner mostra maturidade: 70% das vendas online já ocorrem pelo app, e a companhia vê o canal não mais como um peso nas margens, mas como um motor de rentabilidade.
“A empresa está otimista com sua alavancagem omnicanal e vê o digital como impulsionador das margens”, pontuou o BTG. A operação na Argentina, por sua vez, teve início de ano positivo e está no radar para futuras expansões.
E agora? Ainda vale entrar após alta das ações?
Mesmo com o forte desempenho recente das ações, o BTG vê espaço para continuidade da valorização.
“Apesar da recente recuperação, os sólidos resultados do 1T25 e as melhores tendências para o 2T25 devem manter o momentum das ações”, avalia o banco.
O relatório também cita que, embora o setor enfrente disrupções — como maior penetração do e-commerce, competição com players internacionais como Shein, e pressão nas plataformas de crédito —, a Renner ainda oferece um balanço saudável, crescimento estimado de lucro de 15% ao ano (2025–2029) e um dividend yield de 4%.