Acima da expectativa

Lucro da Movida (MOVI3) dispara com reajuste de tarifas e dívida no menor nível em três anos

Companhia supera consenso no 2º trimestre, melhora margens e reduz alavancagem, impulsionada por diárias mais altas e eficiência operacional.

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  • Lucro líquido da Movida cresce 60% e atinge R$ 67,6 milhões, acima do consenso.
  • Margem EBITDA avança para 37% e alavancagem cai para o menor nível em três anos.
  • Estratégia prioriza contratos de curto prazo e manutenção de preços elevados no rent a car.

A Movida (MOVI3) encerrou o segundo trimestre com lucro líquido 60% maior, superando amplamente as projeções do mercado. Reajustes nas tarifas de rent a car, controle de custos e queda na alavancagem puxaram o resultado e reduziram o impacto das despesas financeiras.

Segundo o CEO Gustavo Moscatelli, o aumento de 15% na tarifa média foi decisivo para o ganho, sem comprometer a demanda. A companhia manteve o volume de 6 milhões de diárias, mesmo diante do ajuste de preços, reforçando a resiliência do negócio.

Receita em alta e mudança no mix

A receita líquida somou R$ 1,9 bilhão, alta de 7,1% na comparação anual. O segmento de aluguel de veículos avançou 17,7%, enquanto a venda de seminovos recuou 2,2%. A redução de 4,1 pontos na taxa de ocupação e de 2% no número de diárias influenciou a queda, refletindo uma mudança deliberada no mix de contratos.

Ademais, a empresa priorizou alocações de curto prazo, viagens de fim de semana e locações de 3 a 4 dias, em vez de contratos mensais, que têm menor elasticidade de preço. Apesar disso, a estratégia manteve margens elevadas e favoreceu o aumento de preços.

Portanto, na venda de veículos, o volume se manteve em cerca de 25 mil unidades por trimestre, mas o ticket médio caiu de R$ 95 mil para R$ 79 mil, o que melhorou a liquidez.

Margens e EBITDA em expansão

O EBITDA subiu 26% no ano, alcançando R$ 1,3 bilhão, com margem de 37%, avanço de 3,2 pontos percentuais. A melhora foi atribuída ao maior rendimento do aluguel e à gestão mais eficiente de custos.

Nesse sentido, Moscatelli afirmou que a decisão do governo de reduzir o IPI de carros populares, válida desde julho, não impactou as vendas de seminovos. Menos de 27% da frota está nessa categoria.

Além disso, os preços dos carros usados voltaram a subir em julho, com alta de 0,04% na tabela FIPE, após meses de queda. Desse modo, para o CEO, mesmo sendo um número pequeno, o movimento simboliza estabilidade no mercado.

Dívida e estrutura financeira

A alavancagem líquida caiu para 2,9 vezes, o menor nível em três anos, com redução de 0,3 ponto na comparação anual. O recuo foi favorecido pelo custo da dívida mais baixo, cerca de CDI + 2%, obtido com refinanciamentos mais eficientes.

Além disso, segundo Moscatelli, a melhora reforça a solidez da estrutura financeira da empresa, mesmo em um ambiente macroeconômico desafiador. O fluxo de caixa também se beneficiou da estratégia de alongamento da dívida e da liquidez gerada com a venda de ativos.

Portanto, o faturamento de julho fechou em R$ 572 milhões, praticamente estável em relação à média mensal do primeiro semestre, que foi de R$ 579 milhões.

Perspectivas e desempenho em Bolsa

Mesmo com o lucro quase dobrando no ano, as ações da Movida acumulam queda de 6% em 12 meses. No entanto, a companhia é negociada a 5,1 vezes o lucro estimado para 2026, com valor de mercado de R$ 2,4 bilhões, patamar considerado atrativo por parte dos analistas.

Ademais, a expectativa é manter a disciplina no controle de custos e na gestão de frota, preservando margens e liquidez. A estratégia de contratos de maior valor agregado e menor prazo deve seguir como foco para potencializar resultados no segundo semestre.

Por fim, para Moscatelli, o desempenho recente confirma que a empresa está preparada para enfrentar o cenário atual e capturar oportunidades de crescimento no mercado de locação e revenda de veículos.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.