
- Queda foi puxada por estoques altos e restrições à venda de chips à China.
- SK Hynix e Micron ganham espaço no mercado de IA.
- Ações sobem com expectativa de retomada na demanda no 2º semestre.
A Samsung reportou um tombo de 56% em seu lucro operacional no segundo trimestre de 2025. A maior fabricante mundial de chips de memória vem sendo duramente afetada por uma combinação de fatores: restrições impostas pelos Estados Unidos à venda de chips de inteligência artificial para a China, acúmulo de estoques e crescente concorrência de empresas rivais como SK Hynix e Micron.
O desempenho reflete uma fase crítica no setor global de semicondutores. Embora o mercado já tenha registrado quedas expressivas em 2023 e 2024, os efeitos geopolíticos seguem pesando sobre os balanços. Dessa vez, o alvo foi a Samsung, que perdeu espaço no segmento mais avançado dos chips de alta performance, área estratégica para o crescimento nos próximos anos.
Estoques pressionam margens e afetam resultado final
Segundo o relatório da companhia, a divisão de semicondutores continua sendo o ponto de maior fragilidade. O excesso de chips em estoque, muitos deles fabricados antes da imposição das novas regras comerciais dos EUA, forçou a Samsung a vender com desconto para limpar os estoques. Essa operação reduziu ainda mais as margens de lucro, mesmo em um cenário de leve recuperação na demanda.
Além disso, o aumento de custos logísticos e a valorização do won frente ao dólar contribuíram negativamente. Mesmo assim, a empresa manteve parte de seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento, como forma de preservar sua posição em um mercado que tende a se reaquecer com a expansão da inteligência artificial.
Enquanto isso, concorrentes diretas como a SK Hynix e a americana Micron têm conquistado contratos importantes e ampliado participação de mercado. A SK Hynix, por exemplo, se consolidou como uma das fornecedoras líderes de chips HBM (High Bandwidth Memory), usados em GPUs voltadas à IA, justamente o nicho que a Samsung pretende dominar.
Restrições dos EUA à China mudam tabuleiro global
Outro fator determinante para o resultado ruim do trimestre foi o endurecimento das sanções dos Estados Unidos contra a China. As novas regras, que entraram em vigor em maio, limitaram ainda mais a exportação de chips avançados para empresas chinesas, incluindo aquelas com vínculos militares ou estatais.
Ademais, a Samsung, que tradicionalmente mantinha uma presença forte na China, viu boa parte de sua demanda evaporar da noite para o dia. A empresa precisou redirecionar sua produção, o que provocou atrasos, aumentos nos custos e perda de eficiência industrial.
Apesar disso, analistas apontam que o pior pode ter ficado para trás. A demanda por chips de IA e servidores em nuvem deve crescer de forma acelerada no segundo semestre. Além disso, os estoques vêm sendo reduzidos de maneira mais eficaz, o que pode normalizar os preços no mercado global.
Investidores projetam virada, mas incertezas persistem
Apesar da queda no lucro, o mercado financeiro reagiu de forma relativamente otimista. As ações da Samsung subiram levemente após o anúncio, impulsionadas pela sinalização de recuperação gradual nas receitas futuras. Isso ocorreu porque a empresa reforçou que a demanda por seus chips HBM3e, destinados a plataformas como a Nvidia, segue em crescimento.
Além disso, a expectativa de que os estoques estejam próximos de níveis saudáveis deu novo fôlego às previsões. Ainda assim, as tensões entre EUA e China, somadas à política industrial coreana, seguem sendo fatores de risco importantes para os próximos trimestres.
A Samsung garantiu que manterá o foco em tecnologias de ponta e que, mesmo em um ambiente instável, seguirá investindo em sua cadeia global de fornecimento.