Consenso de mercado

Lucro da WEG (WEGE3) sobe 4,5%, mas analistas mantêm cautela: vale comprar agora?

Balanço da WEG (WEGE3) mostra resiliência e eficiência operacional, mas analistas veem falta de gatilhos para valorização imediata.

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WEG3
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  • Lucro da WEG (WEGE3) sobe 4,5% no 3T25, para R$ 1,65 bilhão, com Ebitda de 22,2%.
  • Analistas veem resultado sólido, mas sem gatilhos de valorização imediata.
  • Ações seguem neutras no curto prazo, com foco em eficiência e longo prazo.

A WEG (WEGE3) registrou lucro líquido de R$ 1,65 bilhão no terceiro trimestre de 2025, alta de 4,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita líquida somou R$ 10,3 bilhões, avanço de 4,2% na comparação anual. O resultado veio em linha com o consenso de mercado, refletindo resiliência operacional mesmo em um cenário global mais desafiador.

Apesar do desempenho sólido, o mercado reagiu com cautela. Analistas afirmam que o balanço foi neutro, sem grandes surpresas positivas ou negativas. O foco agora está na margem Ebitda de 22,2% e na capacidade de execução da companhia, fatores que seguem sustentando o case de longo prazo.

Resultados mostram força, mas ritmo moderado

Para João Tonello, analista da Benndorf Research, o trimestre reforçou a eficiência operacional da WEG, embora o ritmo de crescimento tenha perdido força. “O resultado foi razoável e dentro das expectativas, mas não há gatilho para euforia imediata”, avaliou. Segundo ele, a margem Ebitda de 22,2% mostra que a empresa mantém forte geração de caixa, mesmo sob pressão de custos.

O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) é visto como um dos principais indicadores de desempenho. No caso da WEG, a métrica reforça a solidez financeira e a capacidade de reinvestimento. A gestão eficiente continua sendo o ponto mais elogiado pelos analistas.

Marco Saravalle, estrategista-chefe da MSX Invest, destacou as margens saudáveis e a diversificação robusta da companhia, mas alertou que o cenário global ainda limita a expansão. “A empresa continua sólida, mas enfrenta desafios no ritmo de crescimento das receitas”, disse.

Impacto das tarifas dos EUA e resposta da empresa

O mercado também acompanhava o balanço diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Apesar de parte dos itens ter sido excluída da lista, motores e equipamentos da WEG foram afetados pelo chamado “tarifaço de Trump”.

De acordo com Tonello, as exportações para os EUA cresceram apenas 2% no trimestre, abaixo da média histórica. A margem bruta recuou 0,4 ponto percentual, refletindo o impacto das novas tarifas.

“A empresa reagiu rápido, transferindo parte da produção para plantas no México e na Índia”, afirmou o analista. Essa estratégia reduz o impacto estrutural, mas pode pressionar os custos no curto prazo.

Mesmo assim, o mercado considera que a empresa mostrou agilidade estratégica e capacidade de adaptação, fatores que reforçam a visão de longo prazo sobre o papel.

Perspectivas para as ações e recomendação dos analistas

Após o balanço, a expectativa é de reação neutra das ações WEGE3. O mercado deve observar movimentos moderados, com investidores avaliando os efeitos do tarifaço e a demanda em energia renovável. “O resultado foi bom e mostra consistência, mas não é suficiente para gerar otimismo imediato”, disse Tonello.

Saravalle ressaltou que, apesar da qualidade da empresa, as ações da WEG negociam com prêmio elevado frente a outras companhias da bolsa. Isso pode levar alguns investidores à realização de lucros no curto prazo. “Os papéis estão caros, e o mercado questiona o ritmo das receitas orgânicas”, explicou.

Phil Soares, analista da Options, concorda com a visão de cautela. Segundo ele, o crescimento segue fraco e os custos de matérias-primas continuam pressionando margens, o que limita o potencial de alta no curto prazo.

É hora de comprar ou esperar?

O consenso entre analistas é de visão neutra para WEGE3. A companhia mantém fundamentos sólidos, com baixo endividamento e forte geração de caixa, mas não há gatilhos de valorização imediata. Para investidores de longo prazo, o papel segue atrativo, embora o cenário global recomende prudência.

Saravalle resume: “Não é hora de vender, mas também não há um gatilho claro de compra agressiva”. Já Tonello reforça que o balanço foi razoável e sem surpresas, o que mantém o mercado em compasso de espera.

Por fim, Soares acrescenta que o foco deve ser na sustentabilidade das margens e na eficiência das novas plantas internacionais.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.