Balanço bancário

Lucro do Banco do Brasil (BBAS3) pode desabar até 51% no 2º tri, apontam bancos; veja o que esperar das ações

Analistas de Safra, JPMorgan e Goldman Sachs projetam pior rentabilidade em 9 anos e forte impacto do agro e crédito corporativo.

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transferencia internacional banco do brasil
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  • Lucro do BB pode cair até 51% no 2º trimestre de 2025
  • Rentabilidade deve atingir menor nível desde 2016, abaixo do custo de capital
  • Agro e crédito corporativo pressionam provisões e desempenho geral

Os grandes bancos de investimento já antecipam um segundo trimestre difícil para o Banco do Brasil (BBAS3). Embora o balanço oficial só saia em 13 de agosto, a previsão geral é de forte queda no lucro, aumento das provisões e a menor rentabilidade em quase uma década.

Entre os principais motivos para o desempenho fraco estão a piora do crédito rural, o crescimento de inadimplência entre empresas e a deterioração da carteira de pequenas e médias companhias. Com isso, a ação BBAS3 pode sentir forte pressão nos próximos dias.

Lucro pode cair até 51% com impacto do agro e crédito fraco

O Safra estima que o Banco do Brasil registrará lucro líquido de R$ 4,64 bilhões entre abril e junho, representando uma queda de 51,1% em relação ao mesmo período de 2024. Segundo os analistas do banco, o BB deverá ser o pior entre os quatro maiores bancos do país no trimestre.

Já o JPMorgan reduziu recentemente sua projeção para o lucro do segundo trimestre, passando de R$ 6 bilhões para R$ 4,9 bilhões. A nova estimativa representa uma queda de 19% frente à previsão anterior, o que reflete um ambiente mais desafiador, principalmente no agronegócio.

Na visão dos analistas, o aumento nas provisões para perdas deve ser expressivo. O banco americano projeta um crescimento de 20% nas provisões ligadas ao agro, com risco elevado de inadimplência e alongamento de prazos. Ainda segundo o JPMorgan, a formação de novos créditos problemáticos pode dobrar em relação ao primeiro trimestre, intensificando o sinal de alerta no segmento.

Segmento corporativo também deve pesar no balanço

Embora o foco do mercado esteja no crédito rural, analistas alertam que a carteira de crédito corporativo também pode surpreender negativamente. O Safra destaca que os resultados de pequenas e médias empresas devem puxar a deterioração dos números, sobretudo pela dificuldade de acesso ao crédito em um cenário de juros ainda altos.

“Esperamos que o impacto negativo se distribua entre mais de um segmento”, escreveram Daniel Vaz, Maria Luisa Guedes e Rafael Nobre em relatório. Eles avaliam que a desaceleração nas concessões e a piora da qualidade dos ativos corporativos devem afetar diretamente o desempenho do BB.

Dessa forma, o segundo trimestre pode mostrar não apenas uma retração nos lucros, mas também uma desaceleração no crescimento da carteira de crédito total. Com o ambiente macroeconômico ainda instável, a recuperação pode ser mais lenta do que o mercado gostaria.

Rentabilidade afunda e atinge pior patamar em 9 anos

Para além do lucro, o principal destaque negativo deve ser o ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido), que mede a eficiência da instituição em gerar lucro com seus próprios recursos. O Goldman Sachs projeta um ROE de apenas 11%, o menor desde 2016.

O número é ainda mais fraco que os 16,2% do primeiro trimestre deste ano e muito distante dos 21,6% registrados no mesmo período de 2024. Segundo os analistas, isso indica que o Banco do Brasil está entregando uma rentabilidade inferior ao seu custo de capital, atualmente estimado em 14,9%.

O Safra é ainda mais pessimista: sua projeção de ROE para o trimestre é de 10,3%, o que representaria um retorno negativo em termos reais. Essa diferença entre rentabilidade e custo de capital levanta dúvidas sobre a sustentabilidade do modelo de crédito atual, especialmente com pressões vinda do agro.

Um alívio pontual na margem financeira?

Apesar do cenário amplamente negativo, o Goldman Sachs enxerga um possível ponto positivo: uma leve recuperação na margem financeira do banco.

Nesse sentido, a instituição espera uma alta de 4% em relação ao primeiro trimestre, reflexo de um menor impacto no custo de captação.

Além disso, a receita com tarifas bancárias pode apresentar melhora sazonal, acompanhando o aumento da atividade econômica no segundo trimestre.

As despesas, no entanto, devem crescer no mesmo ritmo, o que limita a possibilidade de surpresas positivas.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.