
- Citi bateu recorde no Brasil com lucro líquido de R$ 1,3 bilhão no 1º semestre.
- ROE saltou para 20%, sustentado por operações em câmbio, derivativos e gestão de caixa.
- Crédito estável e seletivo garantiu baixa inadimplência, enquanto fusões e IPOs seguem travados.
O Citi registrou no Brasil um lucro líquido recorde de R$ 1,3 bilhão no primeiro semestre, avanço de 45% frente ao mesmo período de 2024. O resultado coloca a operação brasileira entre as cinco maiores do grupo no mundo e reforça a estratégia de reduzir dependência de produtos ligados ao ciclo econômico.
Com o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) saltando de 14% para 20%, o banco superou suas próprias projeções. Para o presidente do Citi no Brasil, Marcelo Marangon, o desempenho comprova que os investimentos realizados nos últimos anos reposicionaram a instituição em outro patamar de competitividade.
Crédito estável, lucro em alta
A carteira de crédito encerrou junho em R$ 49 bilhões, estável em relação a 2024. Embora os juros altos e a incerteza provocada pelo tarifaço de Donald Trump tenham reduzido a demanda, o banco optou por ser seletivo na concessão de novos financiamentos.
Segundo Marangon, a inadimplência permanece em apenas 0,8%, graças à predominância de clientes de longo relacionamento. “A grande maioria do nosso negócio é formada por clientes históricos, o que nos permite ter mais segurança”, afirmou.
Esse perfil conservador ajudou a manter os resultados sólidos, mesmo em um ambiente de crédito mais restrito.
Depósitos crescem, ativos caem
O banco fechou junho com R$ 84 bilhões em depósitos, alta anual de 17%. Já os ativos chegaram a R$ 189 bilhões, queda de 11%. O recuo, segundo o executivo, foi causado por uma nova norma do Banco Central que reclassificou posições, sobretudo em câmbio.
Excluindo esse efeito regulatório, os ativos teriam subido 4%. O movimento mostra, de acordo com Marangon, que a operação continua em expansão, apesar da fotografia contábil sugerir retração.
O banco também destacou sua participação em 13 das 20 transações de renda fixa internacional feitas no semestre, reforçando a presença em operações menos dependentes da atividade doméstica.
Fontes de receita diversificadas
Um dos motores do lucro recorde foi a receita de operações ligadas ao dia a dia das empresas, como câmbio, derivativos, gestão de caixa e pagamentos. Essas linhas reduziram a exposição do Citi a áreas mais sensíveis à economia, como fusões, aquisições e ofertas de ações.
Enquanto o mercado de equity deve continuar fraco até 2026, as operações de renda fixa seguirão sendo prioridade. Já no segmento de fusões, o Citi participa de discussões relevantes, como a fusão da BRF com a Marfrig, mas muitas negociações ainda aguardam maior estabilidade.
“O nosso ROE normalizado sempre girou entre 17% e 18%. Chegar a 20% mostra a força do novo modelo de negócios”, afirmou Marangon.
Perspectivas para 2025
O Citi projeta um segundo semestre mais desafiador, ainda com juro básico em 15%. A expectativa é de demanda de crédito fraca, mas com boas oportunidades em captações e renda fixa.
Sobre o impacto do tarifaço, Marangon avalia que os efeitos serão setoriais, mas não comprometem diretamente o banco. Ele cita café, proteínas e siderurgia como segmentos mais expostos às tarifas americanas.
Mesmo assim, a instituição prevê impacto macroeconômico limitado, de 0,3 a 0,4 ponto no PIB. E reforça que o Brasil seguirá como um dos cinco principais mercados globais, com novos investimentos aprovados para os próximos três anos.