
- Direcional (DIRR3), BTG (BPAC11) e Tim (TIMS3) puxam a fila dos maiores ganhos no ano
- Papéis sobem com expectativa de corte da Selic e melhora dos balanços
- Apesar das máximas, analistas veem espaço para valorização em alguns ativos
Julho foi um mês histórico para o Ibovespa. Sendo assim, o principal índice da B3 superou os 141 mil pontos pela primeira vez, impulsionado por uma combinação de cenário macroeconômico favorável e valorização expressiva de ações com fundamentos sólidos.
Além disso, segundo levantamento da Elos Ayta Consultoria, 13 ações listadas no Ibovespa bateram máximas históricas na primeira quinzena do mês. Desse modo, entre os destaques, estão empresas dos setores de telecomunicações, energia, construção civil e bancos.
Setores destravam valor após alívio da Selic
A disparada das ações não ocorreu por acaso. Especialistas apontam que o movimento reflete a combinação do fim do ciclo de alta da Selic com a divulgação de bons resultados corporativos no primeiro trimestre. Essa conjunção despertou o apetite dos investidores, que voltaram a mirar papéis antes penalizados pelos juros altos.
Ademais, no setor de telecom, Telefônica Brasil (VIVT3) e Tim (TIMS3) atingiram R$ 32,40 e R$ 22,60, respectivamente. Ambas se beneficiaram da sinergia da aquisição de ativos da Oi e da geração robusta de caixa. Além disso, o cenário de menor capex reforçou o potencial de pagamento de dividendos, atraindo o investidor que busca renda passiva.
Já na energia, Cemig (CMIG4) e Engie (EGIE3) também marcaram presença, com máximas de R$ 11,18 e R$ 48,82. Portanto, a primeira segue valorizada por distribuir proventos generosos, enquanto a segunda pode se beneficiar de ajustes no escoamento de energia do Nordeste para o Sudeste, medida que deve aumentar sua eficiência operacional.
Direcional dispara com programa habitacional
Entre todas, a ação da Direcional (DIRR3) foi a que mais subiu em 2025 até agora, acumulando alta de 68,93%. Segundo analistas, o desempenho está diretamente ligado à retomada do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com a criação da Faixa 4 voltada à classe média.
Além disso, a empresa, que atua fortemente no segmento popular, conseguiu ampliar sua carteira e se beneficiar do ambiente mais propício a financiamentos habitacionais. Mesmo após a disparada, há quem veja espaço para mais valorização, embora papéis como MRV (MRVE3) ainda chamem atenção por negociarem a múltiplos mais baixos.
Outro nome com alta expressiva é Iguatemi (IGTI11), com avanço de 31,87% no ano. A melhora na percepção de risco e a retomada da confiança no setor imobiliário explicam parte desse desempenho. Desse modo, a qualidade dos ativos da companhia, que opera shoppings em regiões nobres, tem se mostrado diferencial relevante.
Valorização, dividendos e fundamentos sólidos
Mesmo com as altas recentes, especialistas como Rodrigo Vignoli, da InvestSmart XP, avaliam que os valuations ainda são atrativos para o investidor de médio e longo prazo. “O mercado voltou a selecionar ativos com mais critério. As altas acompanham melhora de fundamentos, e não especulação”, pontua.
Ademais, BTG Pactual (BPAC11), único banco da lista, atingiu R$ 42,87 e acumula retorno de 48,73% no ano. O crescimento estável, mesmo em ambiente desafiador, é impulsionado pela diversificação de receitas e pela alta rentabilidade. O papel ainda negocia a 10 vezes o lucro por ação, um múltiplo considerado baixo.
Ao fim, a Porto Seguro (PSSA3), com retorno de 50,66%, também se destaca pelo lucro consistente e pagamento de dividendos. Já a Sabesp (SBSP3), que chegou a R$ 120,54, atrai pela estabilidade oferecida por seu perfil defensivo, típico do setor de saneamento.
Embraer em queda após tarifaço de Trump
A Embraer (EMBR3) chegou a bater R$ 83,49 no início de julho, mas perdeu fôlego após o governo dos EUA anunciar tarifa de 50% sobre importações brasileiras.
Além disso, a medida pode gerar impacto estimado de R$ 50 milhões por aeronave exportada, afetando diretamente os resultados da fabricante.
O CEO Francisco Gomes Neto estimou perdas de até R$ 20 bilhões até 2030. Com isso, mesmo após bons resultados anteriores e contratos fechados no Paris Air Show, a ação recuou para R$ 68,73. Por fim, para analistas da Nord, o papel perdeu visibilidade e a recomendação foi retirada.