
- Roche compra a 89bio por até US$ 3,5 bilhões e amplia disputa global por remédios contra obesidade.
- Pegozafermin pode rivalizar com as canetas da Novo Nordisk e Eli Lilly, líderes do setor.
- Pressão política dos EUA e novos investimentos tornam a aquisição estratégica.
Vem mais uma caneta emagrecedora por aí?! A farmacêutica suíça Roche anunciou a compra da 89bio, empresa americana especializada em terapias metabólicas, em um acordo que pode chegar a US$ 3,5 bilhões.
Nesse sentido, o negócio dá acesso ao pegozafermin, droga experimental em estágio avançado para tratar doenças hepáticas ligadas à obesidade, e coloca a Roche na corrida contra as líderes Novo Nordisk e Eli Lilly.
O acordo bilionário
O pagamento será feito em US$ 14,50 por ação, com possibilidade de mais US$ 6 extras por papel se metas de desempenho forem atingidas. O prêmio oferecido representa 80% acima do último fechamento da 89bio, evidenciando a agressividade da Roche.
O fechamento do acordo deve ocorrer no quarto trimestre de 2025, dependendo de aprovações regulatórias. A aquisição soma-se às últimas movimentações da companhia no setor.
Nos últimos dois anos, a Roche fechou parceria de US$ 5,3 bilhões com a Zealand Pharma e comprou a Carmot Therapeutics por US$ 3,1 bilhões, reforçando sua presença no mercado de obesidade.
Disputa pelas canetas
A aquisição ocorre em um momento de ascensão das chamadas “canetas emagrecedoras”, dominadas por Novo Nordisk e Eli Lilly, com remédios como Ozempic, Wegovy, Mounjaro e Zepbound. Assim, o pegozafermin surge como potencial rival nessa disputa bilionária.
Segundo Teresa Graham, presidente da unidade farmacêutica da Roche, o aumento global da obesidade e do diabetes tipo 2 já está gerando um número recorde de pacientes com MASH, doença que pode evoluir para cirrose ou câncer.
Portanto, a expectativa é que a Roche use sua base global para acelerar os testes clínicos e buscar rápida aprovação do novo tratamento nos principais mercados.
Pressão política e impacto de mercado
O acordo também tem peso político. O governo Trump pressiona empresas suíças por causa do superávit comercial com os EUA. A Roche anunciou que investirá US$ 50 bilhões no mercado americano em cinco anos.
Ademais, mesmo fora da lista de produtos atingidos pela tarifa de 39%, o setor farmacêutico segue no radar das negociações bilaterais. Isso coloca a aquisição como movimento estratégico de defesa e expansão ao mesmo tempo.
Na Bolsa de Zurique, as ações da Roche subiram menos de 1% no dia do anúncio, mas acumulam alta de 2% em 2025. Por fim, para analistas o negócio fortalece a empresa em um mercado promissor, mas competitivo.