Leve recuo

Mercado reduz projeção do dólar e da inflação para 2025, mas mantém juros em 15%

Boletim Focus revela leve alívio na expectativa para o IPCA e câmbio, mas mantém previsão de Selic alta até o fim do ano.

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real Boletim Focus
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  • Inflação e dólar para 2025 recuam levemente nas projeções dos economistas.
  • Selic permanece estimada em 15%, sem cortes no horizonte de curto prazo.
  • Crescimento do PIB segue estável para este ano, com leve alta nas expectativas para 2026.

O Banco Central divulgou nesta segunda-feira (28) mais uma edição do Boletim Focus, com as expectativas de economistas do setor financeiro para os principais indicadores macroeconômicos. As projeções mostram uma leve melhora na inflação e no câmbio para 2025, o que trouxe algum otimismo aos agentes do mercado.

Mesmo com os ajustes positivos, as estimativas continuam elevadas em relação à meta de inflação de 3% para o ano que vem, e o cenário para a taxa Selic segue inalterado, mantendo o juro básico da economia no patamar restritivo de 15%.

IPCA e PIB: ajustes discretos nas expectativas

A estimativa para o IPCA de 2025 recuou de 5,10% para 5,09%, enquanto a previsão para 2026 caiu de 4,45% para 4,44%. Para 2027, o mercado manteve a projeção em 4,00%, o que revela uma dificuldade de convergência da inflação para o centro da meta mesmo no médio prazo.

Ainda assim, o leve recuo nas projeções foi bem recebido, especialmente após semanas consecutivas de revisões para cima. A avaliação é que a inflação começa a responder, mesmo que lentamente, ao patamar elevado dos juros e à valorização recente do real frente ao dólar.

No caso do PIB, a projeção para 2025 permanece em 2,23%, refletindo um desempenho mais resiliente da economia brasileira. Desse modo, para 2026, houve uma leve alta: de 1,88% para 1,89%. Já em 2027, a expectativa segue em 2,00%, reforçando uma visão de crescimento moderado e sem grandes sobressaltos.

Dólar recua, mas Selic segue inalterada

A maior surpresa do boletim veio na projeção para o câmbio em 2025, que caiu de R$ 5,65 para R$ 5,60. Essa revisão reflete o alívio nas tensões externas e um movimento de entrada de capital estrangeiro nos mercados emergentes nas últimas semanas. As previsões para 2026 e 2027, porém, foram mantidas em R$ 5,70, sinalizando que o mercado ainda vê um cenário cambial desafiador no médio prazo.

Mesmo com o dólar mais baixo e a inflação cedendo, os analistas mantiveram a previsão da Selic em 15% para 2025, sinalizando que o Banco Central deve manter a política monetária restritiva por mais tempo. Para 2026 e 2027, o boletim repete as projeções anteriores: 12,50% e 10,50%, respectivamente.

Portanto, essa resistência à redução dos juros pode ser explicada pela percepção de risco fiscal e pela instabilidade política, que ainda preocupam o mercado e elevam o custo de financiamento do governo.

Mercado monitora próximos passos do BC

Com os dados desta semana, o mercado reforça a expectativa de que não haverá cortes na Selic no curto prazo. Mesmo com os sinais de desaceleração da inflação, o Banco Central parece comprometido com a ancoragem das expectativas — o que justifica manter a taxa em patamar elevado por mais tempo.

Além disso, a evolução do câmbio nos próximos meses será decisiva para a política monetária. Se o dólar continuar abaixo de R$ 5,60, como agora se projeta, isso pode ajudar no controle de preços e abrir espaço para flexibilizações futuras.

Por fim, os economistas acompanham os dados fiscais e os desdobramentos da política econômica, especialmente diante das promessas de aumento de gastos e da dificuldade do governo em avançar com a reforma tributária no Congresso.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.