
O Ibovespa atingiu nesta quinta-feira (28) sua máxima histórica, embalado por uma conjunção de fatores políticos e econômicos que mexeram com o humor dos investidores. A pesquisa AtlasIntel mostrou recuo de Lula em um eventual segundo turno, dando vantagem a Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ao mesmo tempo, uma operação de grande escala contra o crime organizado trouxe alívio ao mercado e reforçou a narrativa de maior institucionalidade. O movimento fez bancos, commodities e empresas de consumo dispararem, enquanto uma gestora reforçou a tese de que “o Brasil ainda é o destino certo para quem busca valorização”.
Queda de Lula nas pesquisas traz alívio ao mercado
O índice Ibovespa fechou o pregão em alta de 1,32%, aos 141.049 pontos, marcando novo recorde. Durante o dia, o intradia bateu 142 mil pontos, patamar nunca antes alcançado. A virada foi alimentada pela leitura de que a corrida eleitoral pode ganhar novos contornos, reduzindo incertezas sobre governabilidade.
As ações de Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e grandes bancos puxaram a escalada, enquanto empresas ligadas ao consumo também se valorizaram. Destaque para Magazine Luiza (MGLU3), que saltou mais de 9% em um único pregão, e para Vibra (VBBR3), Raízen e Ultrapar, que lideraram ganhos no setor de combustíveis.
Para analistas, o recuo de Lula nas pesquisas trouxe a percepção de que o mercado começa a precificar uma possível mudança de direção política, com maior espaço para reformas e agenda liberal. Esse cenário tem atraído fluxo estrangeiro e ampliado a liquidez da Bolsa.
Câmbio e cenário externo
No câmbio, o dólar também deu sinais de alívio, recuando cerca de 0,19% e fechando próximo de R$ 5,41. O movimento acompanhou tanto o otimismo doméstico quanto a percepção de que os Estados Unidos caminham para uma política monetária mais branda.
O PIB americano do segundo trimestre surpreendeu positivamente, com crescimento anualizado de 3,3%. A leitura reforçou expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve já em setembro. Com isso, ativos emergentes — em especial os brasileiros — tornaram-se mais atrativos para investidores globais.
A combinação de fatores externos e internos criou um ambiente raro de convergência positiva, impulsionando ainda mais a confiança dos investidores.
“Compre Brasil”, diz gestora
No meio da euforia, a Mar Asset, que administra cerca de R$ 3 bilhões, divulgou uma carta em que recomenda manter posições fortes no Brasil. A casa aponta que o eleitorado mostra sinais de realinhamento ao centro, reduzindo o peso de figuras mais radicais e ampliando a previsibilidade.
Segundo a gestora, um novo ciclo de centro-direita pode destravar reformas e gerar avanços estruturais. O Índice de Posição Política (IPP), medido pela Mar Asset, mostra deslocamento gradual da sociedade em direção à direita desde 2015, com picos em 2022 e 2024.
A gestora ressalta que Lula enfrenta limites para expandir sua base de apoio, sobretudo diante do crescimento do eleitorado evangélico e da saturação de votos no Nordeste. Esse fator, aliado ao cenário econômico mais desafiador, fortalece a tese de que o mercado deve continuar “comprando Brasil”.
Pontos principais
- Bolsa alcançou máxima histórica, puxada por pesquisa eleitoral e operação policial
- Dólar caiu e fluxo estrangeiro reforçou otimismo em ativos emergentes
- Gestora destacou realinhamento político e recomendou seguir investindo no Brasil