
- Receita cresceu 81,6% e lucro superou o consenso em 183%.
- Exportações aos EUA seguem firmes via Argentina e Paraguai.
- Dívida líquida recuou R$ 1,4 bilhão e confiança melhora.
A Minerva Foods (BEEF3) surpreendeu o mercado ao apresentar um segundo trimestre muito acima das expectativas. A empresa registrou recordes em receita, lucro e EBITDA, além de mostrar uma integração mais rápida do que o esperado dos ativos adquiridos da Marfrig.
Além disso, mesmo com o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre a carne brasileira, a companhia anunciou que continuará atendendo o mercado americano por meio de suas operações na Argentina, Paraguai e Uruguai. A estratégia faz parte de sua diversificação geográfica, que ajudou a impulsionar os resultados.
Receita explode com Marfrig e integração rápida
A Minerva reportou uma receita líquida de R$ 13,9 bilhões no segundo trimestre de 2025. Esse valor representa um crescimento de 81,6% em relação ao mesmo período do ano anterior e um avanço de 24,3% frente ao primeiro trimestre. O mercado esperava R$ 12,5 bilhões.
Além disso, segundo o CEO Fernando Queiroz, o ramp-up das novas plantas está acontecendo mais rapidamente do que o planejado. Ele afirmou que a maioria das unidades adquiridas da Marfrig já está operando em ritmo próximo da normalidade. Isso fez com que a receita dos ativos dobrasse em relação ao trimestre anterior.
Desse modo, o crescimento no volume de produção também gerou ganhos operacionais. As despesas administrativas e comerciais caíram para 10,1% da receita, o menor patamar desde 2022. Houve ainda sinergias comerciais, segundo o CFO Edison Ticle, que contribuíram para os resultados expressivos.
EBITDA supera projeções e lucro dispara
O EBITDA ajustado alcançou R$ 1,3 bilhão, superando os R$ 1,1 bilhão estimados pelo consenso de analistas. Em comparação ao segundo trimestre de 2024, houve alta de 75%, e frente ao primeiro trimestre deste ano, o avanço foi de 24,3%.
Apesar do aumento no custo do gado ter pressionado as margens, a companhia manteve uma margem EBITDA saudável. Além disso, ela recuou apenas 0,4 ponto percentual na base anual, mas avançou 0,8 ponto em relação ao trimestre anterior. A expectativa da empresa é que as margens melhorem no segundo semestre, como ocorre tradicionalmente.
Portanto, o lucro líquido foi o maior destaque. A companhia registrou R$ 458,3 milhões, quase cinco vezes o resultado de 2024. Em relação ao primeiro trimestre, a alta foi de 148%. O mercado previa apenas R$ 162 milhões. A forte geração de caixa sustentou o resultado.
Exportação resiste à tarifa e fortalece tese da diversificação
As exportações representaram 60% da receita bruta da Minerva no segundo trimestre. Assim, o crescimento foi de 76% frente ao mesmo período de 2024. Mesmo com as novas tarifas impostas pelos EUA contra a carne brasileira, a companhia manterá sua presença no mercado norte-americano.
Ademais, Queiroz explicou que as operações nos países vizinhos garantem essa continuidade. Ele afirmou que, embora Trump tenha sido duro com o Brasil, mantém relação positiva com a Argentina. A Minerva, maior do setor no país vizinho, deve ampliar sua atuação por lá.
Desse modo, essa estratégia confirma a importância da diversificação geográfica. Com unidades produtivas na Argentina, no Paraguai e no Uruguai, a empresa consegue adaptar sua logística e evitar prejuízos com medidas protecionistas. Portanto, a flexibilidade é vista como diferencial competitivo.
Dívida recua e mercado volta a confiar
A empresa reduziu sua dívida líquida em R$ 1,4 bilhão entre abril e junho. Esse movimento foi viabilizado principalmente pelo aumento de capital de R$ 2 bilhões realizado no segundo trimestre. Logo, a alavancagem caiu de 3,76x para 3,16x no período.
Além disso, segundo o CFO Edison Ticle, se o EBITDA do trimestre fosse anualizado, a alavancagem já estaria em 2,7x. Esse nível é inferior ao registrado antes da aquisição dos ativos da Marfrig. O executivo acredita que os números vão ajudar a reduzir o ceticismo do mercado.
Por fim, nos últimos doze meses, as ações da Minerva caíram cerca de 20%. Ainda assim, a empresa vale R$ 5,1 bilhões na B3. Desse modo, a expectativa é que o desempenho recente traga alívio aos investidores e fortaleça a tese da companhia.