Projeto ambicioso

Mineradora desafia China e anuncia centro de terras raras em MG sem tecnologia asiática

A australiana Viridis investe em Poços de Caldas e busca reduzir a dependência da China, que controla mais de 80% do processamento mundial.

Apoio

Minerais e metais raros usados em tecnologia, eletrônicos, energia limpa e indústria.
Minerais e metais raros usados em tecnologia, eletrônicos, energia limpa e indústria.
  • Viridis cria centro de terras raras em MG sem insumos chineses.
  • Projeto Colossus busca consolidar o Brasil como fornecedor estratégico.
  • China amplia controles, e empresas ocidentais aceleram alternativas.

A mineradora australiana Viridis Mining & Minerals anunciou nesta segunda-feira (20) a criação de um centro de pesquisa e processamento de terras raras em Poços de Caldas (MG). O projeto funcionará sem o uso de tecnologia, componentes ou equipamentos chineses.

O empreendimento está localizado a cerca de 7 quilômetros das concessões minerais da companhia e deve iniciar as operações no segundo trimestre de 2026, segundo comunicado oficial ao mercado.

Projeto ambicioso em Minas Gerais

A planta terá capacidade de processar 100 quilos por hora de minério bruto, operando como uma unidade de demonstração. O objetivo é validar parâmetros técnicos, otimizar processos e preparar a base comercial para a expansão do projeto.

Além de testar o potencial produtivo, a Viridis pretende gerar amostras para parceiros de offtake, ou seja, empresas interessadas em comprar a produção futura da companhia.

Ademais, o centro será peça central do Projeto Colossus, que reúne reservas ricas em elementos como neodímio, praseodímio, térbio e disprósio, usados em ímãs industriais, turbinas e motores elétricos.

De acordo com a empresa, o licenciamento ambiental é a prioridade no momento. Desse modo, o estudo de impacto ambiental foi apresentado em janeiro e a licença prévia deve sair nos próximos meses.

Decisão estratégica e geopolítica

A decisão de eliminar qualquer tecnologia chinesa foi classificada pela Viridis como estratégica. O objetivo é evitar dependência e posicionar o Brasil como fornecedor alternativo em um mercado dominado por Pequim.

Segundo a mineradora, a abordagem garante que a empresa não sofra com atrasos ou restrições causadas pelos novos controles de exportação chineses. Além disso, a companhia afirmou que o projeto “posiciona a Viridis como uma das poucas mineradoras ocidentais capazes de avançar sem a cadeia chinesa”.

A Viridis também iniciou o estudo de viabilidade definitiva, com conclusão prevista para junho de 2026, o que deve consolidar Minas Gerais como um novo polo estratégico para minerais críticos no Ocidente.

Contexto global das terras raras

A China domina mais de 80% do processamento mundial de terras raras, um grupo de 17 elementos essenciais para tecnologia e defesa. Em 9 de outubro, o governo chinês ampliou as restrições de exportação, exigindo autorização até para produtos com traços mínimos desses minerais.

A medida acendeu alertas nos países ocidentais, que passaram a buscar fornecedores alternativos. Ademais, o Brasil, com suas reservas abundantes e logística estável, desponta como opção estratégica para diversificar a cadeia global.

Por fim, com o novo centro, a Viridis reforça sua posição no mapa global de exploração. A empresa agora compete com China e Austrália pela liderança em minerais críticos usados em chips, veículos elétricos e energia limpa.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.