
- Minério de ferro subiu na China, mas ação da Vale (VALE3) recuou no Brasil
- Fatores como risco fiscal, câmbio e tensão internacional pressionaram o papel
- Investidores aguardam próximos dados operacionais para reavaliar expectativas
Apesar de uma nova alta nos contratos futuros do minério de ferro na China, as ações da Vale (VALE3) operaram em queda no início da tarde desta segunda-feira (4). Às 14h05, os papéis registravam recuo de 0,38%, cotados a R$ 54,28, contrariando o movimento positivo da principal commodity da companhia.
O desempenho chama atenção porque, tradicionalmente, as cotações da mineradora acompanham a oscilação do minério de ferro no mercado asiático. Dessa vez, no entanto, a correlação parece ter se rompido, levantando dúvidas entre analistas e investidores.
Minério avança na China, mas Vale não acompanha
Na bolsa de Dalian, os contratos futuros de minério de ferro com vencimento para setembro de 2025 encerraram o dia em alta. O movimento foi impulsionado por expectativas de estímulos adicionais por parte do governo chinês, que ainda enfrenta desafios no setor imobiliário.
A demanda por aço na China segue moderada, mas os investidores vêm precificando possíveis medidas de apoio à economia, especialmente no segundo semestre. Além disso, dados de embarques e estoques mais contidos ajudaram a sustentar os preços da commodity ao longo da sessão.
Com isso, era esperado que a Vale acompanhasse esse otimismo, dada sua forte dependência da demanda chinesa. No entanto, o mercado brasileiro seguiu outro rumo, indicando que outros fatores passaram a pesar mais sobre os ativos da empresa.
Pressões domésticas e cautela externa
Apesar do bom humor com o minério, analistas apontam que o ambiente doméstico mais cauteloso influenciou diretamente o desempenho das ações da Vale. O aumento recente nas tensões fiscais e a instabilidade política contribuíram para a aversão ao risco entre investidores.
Além disso, muitos gestores vêm reavaliando posições em empresas exportadoras diante da volatilidade cambial e do possível impacto do tarifaço dos Estados Unidos, que ainda paira como incerteza no radar. Embora a Vale não esteja entre os alvos diretos, o clima de apreensão geral afeta o apetite por ativos cíclicos.
Outro ponto importante é o fluxo de capital externo. Investidores estrangeiros têm adotado posturas mais defensivas em mercados emergentes, o que ajuda a explicar o desempenho mais fraco das ações da mineradora, mesmo diante de fundamentos positivos no curto prazo.
Olhar do mercado segue dividido
No cenário de médio prazo, o mercado segue dividido sobre a trajetória da Vale. Por um lado, a empresa tem mostrado resiliência operacional, com entregas robustas e dividendos atrativos. Por outro, a menor perspectiva de crescimento global e os ruídos políticos tendem a manter a ação pressionada.
Alguns analistas seguem otimistas com a possibilidade de recuperação dos preços da commodity ao longo do segundo semestre. No entanto, alertam que a volatilidade continuará sendo uma constante, especialmente enquanto houver incertezas sobre os estímulos chineses e o cenário geopolítico.
Até o momento, a Vale não divulgou novas projeções para o terceiro trimestre, o que também adiciona cautela às decisões de alocação. Com a próxima prévia operacional prevista para as próximas semanas, o mercado deve monitorar de perto os volumes de produção e exportação.