Dor de cabeça

Montadora famosa perde fôlego na Europa e rivais avançam sem parar

Vendas da montadora caem pelo oitavo mês seguido e reação contra Elon Musk agrava pressão do mercado.

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Free Montadora de carros
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  • As vendas da Tesla caíram pelo oitavo mês seguido na Europa, com quedas acentuadas em França, Suécia e Dinamarca.
  • A concorrência da BYD e a rejeição crescente a Elon Musk ampliaram a pressão sobre a marca.
  • Portugal, Espanha e Noruega destoaram da tendência, mas os números da BYD superaram os da Tesla com folga.

A Tesla atravessa uma sequência negativa inédita no mercado europeu. Em agosto, os registros da marca caíram pela oitava vez consecutiva em diversos países, evidenciando perda de força diante da ascensão da chinesa BYD e da resposta crítica a Elon Musk. A situação cria um contraste com rivais que ampliam lançamentos e conquistam consumidores com modelos mais variados.

O declínio ocorre em um cenário de transição. A Tesla não lança um carro de massa desde 2020 e, enquanto aposta na renovação do Model Y, montadoras chinesas e tradicionais avançam com novas ofertas. Musk, por sua vez, se tornou alvo de rejeição pública, com parte dos consumidores desistindo da compra em razão de sua postura política e declarações polêmicas.

Queda em mercados-chave da Europa

Em países como França, Suécia, Dinamarca e Holanda, os números de agosto foram especialmente negativos. Na França, os registros recuaram 47,3%, enquanto o mercado geral cresceu 2,2%. Ademais, na Suécia, a queda ultrapassou 84%, apesar de um mercado automotivo em expansão. Já na Dinamarca, a redução foi de 42%, e na Holanda, de 50%.

A Itália também registrou retração, ainda que menor, de 4,4%. Esses resultados confirmam que a Tesla perdeu espaço em regiões estratégicas, onde veículos elétricos avançam em participação de mercado. A insistência de Musk em minimizar o problema diante de investidores aumentou a percepção de que a empresa subestima a gravidade da situação.

Mesmo com a retomada das entregas do Model Y renovado, as vendas decepcionaram. Em agosto, o modelo caiu 46,5% na Dinamarca e 87% na Suécia, números que frustraram expectativas de reação rápida.

Mercados que destoaram da queda

Apesar da sequência negativa, alguns países registraram avanço nas vendas da Tesla em agosto. Portugal apresentou alta de 28,7%, após sete meses seguidos de quedas. Na Espanha, os subsídios do governo para veículos elétricos impulsionaram um salto de 161% nas vendas, de 549 para 1.435 carros.

Na Noruega, a Tesla manteve raízes sólidas e registrou aumento de 21,3% nos registros, em linha com o predomínio de carros elétricos no país. Ainda assim, a BYD roubou a cena ao crescer 218% no mesmo período, reforçando a competição cada vez mais acirrada.

Na Espanha, o contraste entre Tesla e BYD ficou ainda mais evidente. No acumulado do ano, a Tesla cresceu 11,6%, enquanto a rival avançou 675%, consolidando liderança em volume e ritmo de expansão.

A reação do mercado e dos consumidores

Analistas apontam que a concorrência crescente e a postura política de Elon Musk ampliaram a pressão sobre a Tesla. A ligação do executivo a partidos de extrema-direita na Europa e o apoio financeiro a Donald Trump geraram forte rejeição. Pesquisas mostram que mais da metade dos consumidores considera Musk um fator que desestimula a compra.

Ao mesmo tempo, a Tesla enfrenta um mercado de usados que pressiona os preços. Reduções agressivas nos valores dos carros novos em 2023 derrubaram a cotação de veículos seminovos. O Model Y, por exemplo, acumula queda de 41% em dois anos no Reino Unido.

Esse movimento aqueceu as vendas de usados, que saltaram 270% em julho, mas também reforçou dúvidas sobre o valor de revenda e a atratividade dos modelos novos. O resultado é um cenário no qual a Tesla perde competitividade tanto para montadoras chinesas quanto para tradicionais.

Desafios para os próximos meses

O domínio da Tesla já não é garantido na Europa. A marca precisa responder rapidamente com novos modelos de massa, equilibrar preços e reconstruir confiança dos consumidores. Enquanto isso, a BYD e outras rivais seguem ampliando presença com estratégias agressivas de expansão.

A imagem de Elon Musk se tornou um fator central. Sua influência sobre a marca deixou de ser exclusivamente positiva e agora se converte em polarização. Se o executivo não mudar o tom, especialistas avaliam que a Tesla continuará enfrentando barreiras adicionais além da competição direta.

O mercado europeu vive um momento de transformação e impõe desafios a todos os fabricantes de elétricos. Para a Tesla, no entanto, o risco é maior porque envolve reputação, liderança e o impacto de um modelo de negócio que, até poucos anos atrás, ditava o ritmo do setor.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.