
- Motiva promete eficiência agressiva e redução de custos até 2035
- Companhia aposta em tecnologia 5.0 e simplificação do portfólio
- Foco em rodovias premium e mobilidade urbana reduz mercado-alvo
A Motiva (MOTV3) surpreendeu o mercado ao atualizar suas metas de eficiência até 2035, prometendo uma estratégia de “back to basics”. A companhia anunciou que pretende simplificar o portfólio, focar em ativos estratégicos e ampliar o uso de tecnologias da indústria 5.0 para turbinar resultados.
Durante o Investor Day em São Paulo, a empresa confirmou a meta de crescimento do Ebitda em high single digits até 2035, mas trouxe projeções mais ambiciosas para reduzir custos. O CEO Miguel Setas detalhou os próximos passos e deixou claro que a Motiva está redesenhando sua forma de crescer.
Metas de eficiência mais ousadas
A Motiva informou que deve alcançar um ratio de opex caixa/receita líquida de 38% ainda este ano, cinco anos antes do previsto. Para 2030, a meta é chegar a 30%, e em 2035 ficar abaixo de 28%. Esse avanço, segundo o CEO, virá de um mix entre tecnologia e eficiência operacional.
Entre as apostas, estão seis frentes estratégicas: IA generativa, big data e analytics, IoT e sensorização, robotização, novos materiais e transição energética. A empresa analisou mais de 300 projetos nessas áreas e selecionou 30, todos com TIR superior a 30%.
Além da tecnologia, a companhia continuará reduzindo despesas com renegociação de contratos, corte de headcount e otimização de processos internos. Nos últimos dois anos, já houve redução de 10% no quadro de funcionários.
Crescimento com foco reduzido
Apesar do avanço, a empresa decidiu manter a meta de crescimento do Ebitda em high single digits até 2035. Segundo o CEO, a estratégia é ser conservadora e não prometer mais do que pode entregar em cenários adversos.
A Motiva também está vendendo seus ativos de aeroportos, com assessoria do Itaú BBA e Lazard, e pretende buscar um sócio minoritário para a vertical de mobilidade urbana. Esse movimento deve simplificar a operação e liberar capital para áreas prioritárias.
No segmento de rodovias, a expansão ficará restrita a ativos premium e regiões estratégicas, o que reduziu o mercado potencial de R$ 120 bilhões em capex para cerca de R$ 100 bilhões.
Reestruturação organizacional
A Motiva anunciou ainda a criação de uma vice-presidência dedicada à inovação, comandada por Pedro Sutter, e uma incubadora de novos negócios. A companhia também vai ampliar o núcleo de excelência em capex, tornando-o transversal a toda a operação.
Na mobilidade urbana, a estratégia é fortalecer a presença em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, reduzindo o mercado potencial de R$ 70 bilhões para R$ 60 bilhões em capex.
Hoje, a empresa tem R$ 55 bilhões em capex contratados até o fim de suas concessões, sendo a maior parte para execução nos próximos dez anos.