Infraestrutura e transporte

Motiva (MOTV3) promete corte bilionário de custos, aposta em IA e volta ao ‘básico’ para crescer até 2035

Ex-CCR atualiza metas de eficiência, reduz mercado-alvo e foca em rodovias premium e mobilidade urbana para destravar valor.

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Motiva - Foto: (Divulgação/Charles Trigueiro)
Motiva - Foto: (Divulgação/Charles Trigueiro)
  • Motiva promete eficiência agressiva e redução de custos até 2035
  • Companhia aposta em tecnologia 5.0 e simplificação do portfólio
  • Foco em rodovias premium e mobilidade urbana reduz mercado-alvo

A Motiva (MOTV3) surpreendeu o mercado ao atualizar suas metas de eficiência até 2035, prometendo uma estratégia de “back to basics”. A companhia anunciou que pretende simplificar o portfólio, focar em ativos estratégicos e ampliar o uso de tecnologias da indústria 5.0 para turbinar resultados.

Durante o Investor Day em São Paulo, a empresa confirmou a meta de crescimento do Ebitda em high single digits até 2035, mas trouxe projeções mais ambiciosas para reduzir custos. O CEO Miguel Setas detalhou os próximos passos e deixou claro que a Motiva está redesenhando sua forma de crescer.

Metas de eficiência mais ousadas

A Motiva informou que deve alcançar um ratio de opex caixa/receita líquida de 38% ainda este ano, cinco anos antes do previsto. Para 2030, a meta é chegar a 30%, e em 2035 ficar abaixo de 28%. Esse avanço, segundo o CEO, virá de um mix entre tecnologia e eficiência operacional.

Entre as apostas, estão seis frentes estratégicas: IA generativa, big data e analytics, IoT e sensorização, robotização, novos materiais e transição energética. A empresa analisou mais de 300 projetos nessas áreas e selecionou 30, todos com TIR superior a 30%.

Além da tecnologia, a companhia continuará reduzindo despesas com renegociação de contratos, corte de headcount e otimização de processos internos. Nos últimos dois anos, já houve redução de 10% no quadro de funcionários.

Crescimento com foco reduzido

Apesar do avanço, a empresa decidiu manter a meta de crescimento do Ebitda em high single digits até 2035. Segundo o CEO, a estratégia é ser conservadora e não prometer mais do que pode entregar em cenários adversos.

A Motiva também está vendendo seus ativos de aeroportos, com assessoria do Itaú BBA e Lazard, e pretende buscar um sócio minoritário para a vertical de mobilidade urbana. Esse movimento deve simplificar a operação e liberar capital para áreas prioritárias.

No segmento de rodovias, a expansão ficará restrita a ativos premium e regiões estratégicas, o que reduziu o mercado potencial de R$ 120 bilhões em capex para cerca de R$ 100 bilhões.

Reestruturação organizacional

A Motiva anunciou ainda a criação de uma vice-presidência dedicada à inovação, comandada por Pedro Sutter, e uma incubadora de novos negócios. A companhia também vai ampliar o núcleo de excelência em capex, tornando-o transversal a toda a operação.

Na mobilidade urbana, a estratégia é fortalecer a presença em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, reduzindo o mercado potencial de R$ 70 bilhões para R$ 60 bilhões em capex.

Hoje, a empresa tem R$ 55 bilhões em capex contratados até o fim de suas concessões, sendo a maior parte para execução nos próximos dez anos.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.