
- A Tekno pode fechar capital após venda de 89,69% à Dânica, da ArcelorMittal.
- A B3 já perdeu 10 empresas em 2025, com tendência de novas deslistagens.
- O valuation atrativo tem incentivado fusões e saídas do mercado acionário.
A Tekno (TKNO3), companhia com ações listadas na B3 desde 1977, está prestes a deixar a Bolsa. A possível saída ocorre após um acordo para a venda de 89,69% de seu capital para a Dânica, controlada pela ArcelorMittal no Brasil.
Desse modo, caso o negócio se concretize, ele deverá ser seguido por uma OPA (Oferta Pública de Aquisição), o que permitiria o fechamento de capital da Tekno. Isso aumentaria a lista de empresas que deixaram a B3 em 2025, em meio ao movimento crescente de aquisições e reestruturações.
Venda milionária pode selar o adeus
A operação foi revelada nesta segunda-feira (28), quando os controladores da Tekno anunciaram a venda da maior parte das ações à Dânica. O valor da transação foi estimado em cerca de R$ 786,9 milhões, o que corresponde a um preço de R$ 266,94 por ação.
Embora ainda dependa do aval do Cade, o negócio já despertou expectativas no mercado. Caso seja aprovado, a Dânica terá o dever legal de lançar uma OPA, permitindo que os acionistas minoritários também vendam suas participações sob as mesmas condições.
Além disso, a ArcelorMittal declarou que pretende cancelar o registro da Tekno como companhia aberta junto à CVM. Dessa forma, a empresa deixaria oficialmente o mercado acionário após quase cinco décadas de listagem ininterrupta na Bolsa brasileira.
Por fim, a medida reflete não apenas uma mudança de comando, mas também uma mudança estratégica. Além de ampliar a presença da ArcelorMittal no setor de metais planos, o controle da Tekno abre caminho para integrar negócios existentes com maior eficiência.
Operações devem seguir, mas sob nova direção
Segundo o comunicado divulgado ao mercado, a Tekno manterá suas operações mesmo após a transação. A Dânica planeja fortalecer a Perfilor, uma joint venture da empresa com a ArcelorMittal Spain, voltada para soluções industriais em aço.
Ademais, esse movimento visa alavancar sinergias e ampliar a competitividade frente aos concorrentes do setor. Especialistas acreditam que a união das duas companhias poderá aumentar a eficiência produtiva e melhorar as margens.
Sendo assim, ao manter a estrutura operacional, a Dânica sinaliza compromisso com os funcionários e parceiros da Tekno. Isso pode garantir estabilidade no curto prazo, mesmo em meio às mudanças que acompanham uma transação desse porte.
Ainda assim, a saída da B3 representa uma perda simbólica para o mercado brasileiro. Desse modo, empresas com histórico sólido tornam a Bolsa mais atrativa, e a deslistagem de uma companhia tradicional impacta a confiança dos investidores.
2025 marca onda de deslistagens
A possível saída da Tekno se insere em uma tendência clara. Somente em 2025, a B3 já perdeu ao menos dez empresas. Com isso, o número de companhias listadas caiu para 419 em junho, o menor patamar desde janeiro de 2021.
Nesse sentido, entre as que deixaram o mercado estão Eletromidia, ClearSale e Carrefour, que agora negociam apenas BDRs. Outras, como Serena Energia, Santos Brasil e Wilson Sons, estão em processos de reestruturação ou mudanças de controle.
Sendo assim, rumores também envolvem empresas como Neoenergia e Oncoclínicas. Analistas acreditam que essas companhias podem ser alvo de futuras OPAs, ampliando ainda mais o movimento de retirada do mercado acionário.
Portanto, a própria fala recente do CEO do Santander Brasil, Mario Leão, vai nessa direção. Segundo ele, não seria surpresa se a controladora espanhola decidisse fechar o capital da subsidiária brasileira.
Valuation atrativo alimenta apetite de compradores
Analistas apontam que o valuation barato das ações brasileiras tem atraído investidores estrangeiros. A combinação entre dólar forte e múltiplos deprimidos cria condições ideais para fusões, aquisições e fechamentos de capital.
Além disso, empresas bem posicionadas, mas mal precificadas, tornam-se alvos fáceis em momentos de baixa confiança local. Isso se intensifica com a instabilidade política e econômica, que reduz o interesse de investidores individuais e fundos nacionais.
Ademais, esse ciclo afeta diretamente a liquidez da Bolsa. Com menos empresas negociadas, o mercado se torna menos dinâmico. Isso gera um efeito cascata, afastando novos investidores e limitando a diversificação de carteiras.
Por fim, no caso da Tekno, a venda pode representar uma boa oportunidade de reestruturação. No entanto, também escancara as dificuldades enfrentadas pelo mercado brasileiro em manter empresas relevantes sob capital aberto.