
- MRV cai mais de 10% após divulgar prévia fraca do 3º trimestre
- Caixa pressionado por atrasos da Caixa Econômica e programas estaduais
- Bancos divididos: Goldman, Itaú e Morgan mantêm cautela, BBI recomenda compra
As ações da MRV (MRVE3) tombaram mais de 10% nesta terça-feira (7), após a divulgação da prévia operacional do terceiro trimestre de 2025. Por volta das 11h18, os papéis eram negociados a R$ 6,44, refletindo a preocupação dos investidores com os resultados.
Segundo a companhia, tanto as vendas líquidas quanto a geração de caixa foram afetadas por atrasos em transferências. As mudanças nos critérios da Caixa Econômica Federal (CEF) e problemas em programas habitacionais estaduais e municipais reduziram em mais de R$ 120 milhões o fluxo esperado.
Caixa travada e efeito imediato
A construtora informou que, sem esses impactos, teria gerado R$ 123 milhões em caixa. No entanto, o trimestre terminou com pressão de R$ 31 milhões referentes à Caixa e outros R$ 93 milhões devidos a repasses estaduais e municipais.
A subsidiária americana Resia também registrou dificuldades, com uma leve queima de caixa de US$ 1,5 milhão. Apesar de menores, esses números reforçaram a percepção de fragilidade no cenário operacional.
Analistas destacam que o fluxo de caixa segue sendo o ponto crítico da MRV. As vendas avançaram em ritmo sólido, mas a geração de recursos ainda não trouxe melhora significativa.
Bancos reagem de forma dividida
O Goldman Sachs avaliou os números como neutros a levemente negativos, destacando que a alavancagem segue sendo preocupação central. O Itaú BBA classificou a prévia como fraca e apontou que todos os segmentos registraram queima de caixa.
Além disso, o Bradesco ressaltou que os ajustes constantes e a dependência de repasses regionais tornam os resultados instáveis. Para o banco, o trimestre reforça os desafios, mesmo com algum avanço na velocidade de vendas.
No entanto, o BBI ainda vê espaço para recuperação. Por fim, o banco destacou que, mesmo com dificuldades, a MRV negocia em múltiplos atraentes e reiterou recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 10.
Visibilidade ainda limitada
O Morgan Stanley foi mais duro em sua leitura, afirmando que os números ficaram abaixo das expectativas. Para o banco, os itens não recorrentes continuam obscurecendo a visibilidade sobre o desempenho futuro da MRV.
O relatório aponta que, até que haja evidências claras de recuperação, as ações devem permanecer em uma faixa de preço limitada. Ademais, a incerteza em relação aos repasses e à consistência da geração de caixa pesa sobre a tese de investimento.
Por outro lado, o mercado aguarda que o quarto trimestre traga sinais mais consistentes de melhora. Desse modo, investidores esperam avanços em lançamentos, vendas e fluxo de caixa para reduzir a volatilidade.