Ações

MRV (MRVE3) no 2T25: XP vê dados positivos, mas chama atenção para dois fatores — confira

Com demanda aquecida e geração de caixa positiva, empresa vê semestre promissor, apesar de R$ 310 milhões em vendas represadas

Apoio

MRV1
MRV1

A MRV&Co, conglomerado que reúne MRV (MRVE3), Urba, Luggo e Resia, encerrou o segundo trimestre de 2025 vendas líquidas de R$ 2,7 bilhões, avanço de 5,8%, e R$ 4,8 bilhões no semestre, crescimento de 3,9%.

Ao avaliar os dados, a XP Investimentos aponta que vieram “ligeiramente positivos”. A corretora destaca como pontos favoráveis o forte crescimento nos lançamentos e a melhoria no fluxo de caixa consolidado, impulsionado pela Resia — braço norte-americano da MRV — com venda de ativos e redução de investimentos (capex).

No segmento de incorporação imobiliária, os lançamentos somaram R$ 3,4 bilhões no 2T25, um crescimento expressivo de 54,2% em relação ao mesmo período de 2024. No acumulado do semestre, o volume chegou a R$ 6,3 bilhões, alta de 58,9% ano a ano.

Por outro lado, a XP chama atenção para dois fatores que podem pesar na tese de investimento: a velocidade de vendas abaixo da média dos últimos trimestres e o consumo contínuo de caixa da MRV Incorporações, que ainda não atingiu o ponto de virada esperado.

Durante o segundo trimestre, a velocidade de vendas (VSO) a MRV caiu para 24,4%, retração de 9,4 pontos percentuais na base anual.

Ainda assim, a companhia se mantém confiante. “A venda está bastante forte no Minha Casa Minha Vida, com a demanda aquecida. Por isso temos sido mais agressivos em lançamentos”, afirmou Ricardo Paixão, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da MRV&Co. “Com as vendas crescentes, esperamos uma receita maior trimestre a trimestre”.

R$ 310 milhões travados por atrasos nos repasses

Um fator que freou o desempenho da MRV foi o represamento de aproximadamente R$ 310 milhões em vendas, já fechadas, mas ainda não contabilizadas devido à ausência de repasses de recursos públicos.

Os atrasos afetam 1,3 mil clientes, especialmente nos estados do Ceará e Amazonas, onde programas habitacionais locais ainda não liberaram os valores complementares ao subsídio do MCMV.

Segundo Paixão, o problema vem desde o início do ano e já foi solucionado no Rio Grande do Sul, com expectativa de normalização nos demais estados até o fim do terceiro trimestre.

Faixa 4 do MCMV ganha força

Outro destaque do período foi a entrada da nova Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, voltada para imóveis de até R$ 500 mil.

A MRV reportou que cerca de 20% de seus lançamentos já se encaixam nessa categoria, embora sem novos projetos específicos: a empresa está reaproveitando empreendimentos já em desenvolvimento que se enquadram nos critérios de preço e agora podem oferecer financiamento com juros mais baixos, facilitando o acesso das famílias à casa própria.

As Faixas 2 e 3 seguem representando a maior parte da operação, com 65%, enquanto a Faixa 1 responde por 15%.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.