
- Ação da Natura sobe 12% após venda da Avon Internacional para a Regent.
- XP, Itaú BBA e Bradesco BBI reiteram compra, destacando redução de riscos e foco na unidade Natura Cosméticos.
- Estrutura simplificada pode atrair fluxo estrangeiro e destravar valor adicional na Bolsa.
A Natura (NATU3) anunciou nesta quinta-feira (18) a venda da Avon Internacional para a holding Regent. A notícia levou as ações da companhia a disparar 12,51% no pregão, cotadas a R$ 9,98.
A operação, que inclui unidades na Europa, África e Ásia (exceto Rússia), simplifica a estrutura e reduz preocupações com ativos deficitários. O anúncio ocorre poucos dias após a venda da Avon CARD, reforçando a confiança do mercado no plano de transformação.
Analistas celebram avanço
A XP Investimentos chamou o movimento de o passo mais importante no processo de desinvestimento. A corretora destacou que o impacto financeiro é limitado, mas a percepção de risco caiu. Além disso, reiterou recomendação de compra, afirmando que a tese ficou mais clara e atrativa.
O Itaú BBA também avaliou a notícia de forma positiva. O banco disse que a venda elimina temores sobre a dificuldade de se desfazer de ativos problemáticos. Outro ponto visto como favorável foi o fato de a operação não exigir caixa adicional da Natura, o que preserva a liquidez.
De acordo com o BBA, a transação inclui um earn-out de até 60 milhões de libras, condicionado a resultados futuros. Contudo, o banco considera esse valor pouco relevante diante do histórico recente da operação.
BBI reforça visão construtiva
O Bradesco BBI destacou que a venda representa avanço crucial na simplificação da companhia. O banco lembrou que a transação ocorreu logo após a venda da Avon CARD e, desta vez, com termos mais favoráveis. Além disso, projetou ganho potencial de R$ 430 milhões, com impacto positivo de 0,2 vez na alavancagem.
Para o BBI, a Natura deixa de depender de eventos extraordinários e passa a se apoiar em fundamentos. Isso porque, ao focar na unidade Natura Cosméticos, a empresa reduz riscos e aumenta previsibilidade, fator valorizado por investidores institucionais.
Na análise do banco, mesmo com possíveis oscilações de curto prazo, o movimento consolida a tese de compra. O preço-alvo foi reforçado em R$ 17, acima do atual valor de mercado, sinalizando espaço para mais valorização.
Impactos no mercado
A transação fortalece a percepção de que ajustes estratégicos podem destravar valor no varejo brasileiro. Assim, investidores estrangeiros tendem a ver o setor com menos risco e maior atratividade. Isso ocorre em um momento em que o fluxo global busca ativos de maior previsibilidade.
No curto prazo, a simplificação da estrutura pode sustentar novos ganhos para os papéis da Natura. Em paralelo, a mudança abre espaço para atrair capital que antes evitava o papel devido à complexidade do portfólio internacional.
Caso a venda da unidade russa seja concluída até 2026, a Natura deve entrar em uma fase mais enxuta. Com menos dívidas e maior foco no crescimento orgânico, a empresa terá condições de competir com mais eficiência no mercado de beleza.