
- Banco Central mantém postura rigorosa na análise da compra do Banco Master pelo BRB.
- Operação já recebeu aprovação do Cade, mas ainda depende de aval do BC.
- O Banco Master elevou o capital em R$ 2 bilhões como parte das exigências para o negócio.
A compra de uma fatia do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) enfrenta obstáculos no Banco Central, apesar de já ter obtido sinal verde do Cade. A área técnica da autarquia, liderada pelo diretor Renato Dias de Brito Gomes, mantém uma postura rigorosa na análise.
Embora o mercado considere a avaliação normal para operações desse porte, o caso ganhou atenção por envolver uma instituição financeira estatal. A decisão final ainda depende da aprovação do colegiado do BC, mas pode voltar para nova análise caso haja divergências internas.
Exigências do Banco Central
O Banco Central não avalia se a operação é conveniente ou não para o BRB. No entanto, exige garantias de que o banco poderá absorver os ativos do Master sem comprometer sua saúde financeira. Nesse sentido, o plano de negócios é um dos pontos cruciais para a autorização.
A governança interna prevê que o diretor da área emita um voto, que será validado ou rejeitado pela diretoria colegiada. Se houver discordância, o processo retorna à área responsável, prolongando o trâmite.
Além disso, cada vez que novos documentos são enviados, inclusive erratas, o prazo legal de 365 dias para análise é reiniciado. Essa dinâmica reduz a pressão por uma decisão imediata dentro do BC.
Capitalização e condições da venda
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já aprovou a transação, considerando que BRB e Master são bancos médios e não representam risco à concorrência. A análise, nesse caso, foi rápida e sem objeções significativas.
Além disso, por exigência do BRB, o Master promoveu dois aumentos de capital de R$ 1 bilhão cada em 2025, elevando seu capital total de R$ 3,763 bilhões para R$ 4,763 bilhões. Esses aportes foram apresentados como garantias para viabilizar a operação.
Desse modo, um novo aporte está previsto antes da conclusão do negócio. Essa capitalização reforça a capacidade do Master de cumprir exigências prudenciais e atender aos critérios estabelecidos pelo comprador e pelo regulador.
Mensagem regulatória e impacto no setor
Em agosto, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou mudanças nas regras do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). A medida, segundo o BC, busca reduzir incentivos a práticas que elevem riscos excessivos no sistema financeiro.
Ademais, embora o comunicado oficial não cite o Banco Master, fontes próximas ao processo afirmam que as alterações servem como alerta para evitar a repetição de modelos de negócios semelhantes.
Por fim, essa postura regulatória reforça a percepção de que o Banco Central pretende manter controle rigoroso sobre operações de compra e venda no setor bancário, especialmente quando envolvem instituições estatais e modelos de risco elevado.