Remuneração bilionária

Novo movimento da Tesla com Musk agita Wall Street: entenda o impacto

Conselho aprova pacote provisório de US$ 30 bilhões ao CEO, mesmo com impasse judicial sobre plano anterior.

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Elon Musk
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  • Elon Musk receberá 96 milhões de ações, com valor estimado em US$ 30 bilhões.
  • Conselho da Tesla age para evitar perda de liderança durante guerra por talentos em IA.
  • Disputa judicial sobre pacote anterior de US$ 50 bilhões ainda segue em apelação.

A Tesla aprovou um novo pacote de ações avaliado em cerca de US$ 30 bilhões para Elon Musk. A medida busca manter o bilionário à frente da montadora por pelo menos mais dois anos, enquanto prossegue a batalha judicial sobre sua remuneração anterior, anulada em janeiro.

Segundo documento regulatório divulgado nesta segunda-feira (4), o acordo prevê a concessão de 96 milhões de ações com preço de exercício de US$ 23,34, o mesmo do plano de 2018. O benefício, no entanto, está condicionado à permanência de Musk no cargo de CEO por mais dois anos, e à retenção das ações por cinco anos adicionais.

Estratégia do conselho para evitar fuga de liderança

O conselho da Tesla justificou o novo plano como um “pagamento de boa-fé” e indicou que ele antecede uma proposta mais abrangente. Esta será votada pelos acionistas na assembleia marcada para 6 de novembro. Na avaliação do grupo, o momento é decisivo para a empresa, diante da escalada competitiva na área de inteligência artificial e robótica.

A proposta surge em meio a incertezas jurídicas. Em janeiro, o Tribunal de Chancelaria de Delaware anulou o pacote original de US$ 50 bilhões após contestação de acionistas. Embora a decisão esteja em apelação, a Tesla transferiu sua sede legal para o Texas e criou um comitê especial para formular um novo plano. Robyn Denholm e Kathleen Wilson-Thompson lideram o grupo.

Na carta aos acionistas, o conselho enfatizou que reter Musk é uma prioridade estratégica. Para os conselheiros, sua saída colocaria em risco não apenas o avanço tecnológico, mas também a capacidade da empresa de atrair talentos. “Afinal, um acordo é um acordo”, escreveram.

Nova proposta impede dupla remuneração

Caso o tribunal de Delaware restabeleça integralmente o pacote de desempenho de 2018, Musk deverá renunciar ou devolver as ações concedidas agora. A Tesla foi clara ao afirmar que não haverá “dupla remuneração”. Ou seja, os dois pacotes não poderão coexistir.

O novo plano também reforça a influência de Musk na companhia. Desde 2008 como CEO, ele acumula participações em empresas como SpaceX, Neuralink, xAI, X Corp. e The Boring Company. Mesmo com tantos compromissos, o conselho acredita que Musk seguirá dedicado à Tesla nos próximos anos.

Além do papel executivo, Musk tem atuado politicamente em 2025. Seu apoio à reeleição de Donald Trump e à controversa iniciativa DOGE para reformular o governo federal geraram críticas públicas. Ainda assim, o conselho reiterou seu apoio, afirmando que Musk continua sendo “o maior ativo da Tesla”.

Investidores reagem com otimismo

Logo após o anúncio, as ações da Tesla subiram até 2,9% no pré-mercado em Nova York. O papel, no entanto, ainda acumula queda de 25% em 2025, enquanto o índice S&P 500 registra alta de 6%. Apesar disso, investidores viram a notícia como um alívio.

Dan Ives, da Wedbush, afirmou que o novo pacote “remove uma sombra sobre as ações” e garante estabilidade na liderança. “Essa questão sempre gerou ruído entre os investidores. Agora, parece haver mais clareza sobre o futuro da Tesla com Musk no comando”, avaliou.

A assembleia de novembro será o próximo teste para a estratégia da Tesla. Até lá, os investidores acompanharão não só a resposta da Justiça de Delaware, mas também os desdobramentos da atuação de Musk em múltiplos projetos — e sua disposição em manter o foco na montadora.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.