
- Receita de data centers e projeção de faturamento abaixo do esperado pesaram mais que o lucro recorde
- Restrições de exportação para a China derrubaram vendas e reduziram participação de mercado
- Apesar da queda, Nvidia mantém liderança em chips de IA e tese de longo prazo segue válida
A Nvidia (NVDC34) divulgou na última quarta-feira (27) um lucro líquido de US$ 26,42 bilhões no segundo trimestre fiscal de 2026, alta de 59% em relação ao ano anterior. Apesar do resultado histórico, o mercado reagiu mal.
O motivo foi a projeção de receita abaixo do esperado para o próximo trimestre e o desempenho tímido no segmento de data centers, principal motor de crescimento da companhia. As ações recuaram 3% no after-market e seguiram pressionadas nesta quinta-feira (28).
Onde o balanço decepcionou
Embora o lucro por ação tenha superado previsões, a receita de data centers ficou em US$ 41,1 bilhões, ligeiramente abaixo dos US$ 41,3 bilhões estimados por analistas. Esse detalhe foi suficiente para mudar o humor dos investidores.
Além disso, a empresa projetou faturamento de US$ 54 bilhões para o terceiro trimestre fiscal, contra uma expectativa de até US$ 57 bilhões do Goldman Sachs. Assim, essa diferença reforçou a leitura de que a Nvidia perdeu força em seu ritmo de crescimento.
Segundo analistas, o mercado esperava mais ousadia no guidance, já que a companhia vinha surpreendendo trimestre após trimestre. Desse modo, a ausência desse efeito surpresa aumentou as dúvidas sobre a sustentabilidade do boom da inteligência artificial.
O peso da China nas contas
Outro ponto sensível foi a queda da participação da Nvidia no mercado da China, que despencou de 95% para 50% em chips de IA. A perda ocorreu após restrições comerciais dos EUA e excesso de estoque do chip H20, fabricado sob medida para atender às regras impostas a Pequim.
Além disso, essas limitações custaram US$ 2,5 bilhões em vendas e levaram a uma baixa contábil de US$ 4,5 bilhões em estoques. Mesmo com flexibilizações, as exportações seguem impactadas e pressionam a empresa.
Portanto, para analistas essa disputa geopolítica segue como risco central para a Nvidia. Enquanto não houver clareza sobre o comércio de semicondutores, parte do mercado manterá cautela com o papel.
Perspectivas para investidores
Apesar da reação negativa, especialistas lembram que a empresa mantém fundamentos sólidos. A receita total de US$ 46,7 bilhões no trimestre superou a expectativa do consenso, e a linha de chips Blackwell já responde por metade das vendas de data centers.
Ademais, grandes corretoras destacam que a Nvidia continua a crescer acima de 50% ao ano e lidera o segmento de IA. O problema é que o mercado precifica a ação para sempre entregar surpresas, e dessa vez isso não aconteceu.
Por fim, para investidores o curto prazo pode trazer volatilidade e até estagnação. Já no médio e longo prazo, a tese de crescimento em IA segue intacta, com projeções de até US$ 4 trilhões em investimentos globais até 2030.