Em risco

O café que você bebe está em perigo: Brasil pode viver colapso na produção até 2050

Novo relatório global alerta que o desmatamento e as secas no Sudeste brasileiro estão reduzindo chuvas, ameaçando a produção e elevando o preço do café no mundo.

Apoio

caminhos cafe 13
caminhos cafe 13
  • Desmatamento reduz chuvas e ameaça o cinturão cafeeiro do Sudeste.
  • Relatório da Coffee Watch prevê colapso da produção e preços recordes até 2050.
  • União Europeia pressiona por rastreabilidade do café; Brasil resiste, propondo fundo de compensação florestal.

O Brasil, maior produtor mundial de café, pode estar à beira de uma crise sem precedentes. Segundo um relatório da ONG Coffee Watch, o desmatamento crescente nas regiões produtoras do Sudeste está alterando os padrões de chuva e colocando em risco toda a cadeia de produção do grão.

A pesquisa indica que a destruição das florestas, antes vistas como aliadas do agronegócio, está reduzindo a umidade do solo e diminuindo as colheitas, o que pode levar a altas históricas nos preços globais até 2050.

Chuvas em colapso e produtividade em queda

De acordo com o estudo, quanto mais áreas florestais são derrubadas para abrir espaço às lavouras, menor é o volume de chuvas sobre o cinturão cafeeiro. A mudança climática local já provoca falhas frequentes nas colheitas, queda de produtividade e aumento nos custos para os produtores.

Ademais, a seca de 2014 foi apontada como ponto de virada: desde então, a irregularidade das chuvas se tornou quase anual.

Mesmo quando chove, os períodos não coincidem com as fases de plantio e floração das lavouras. Assim, o resultado é um solo cada vez mais seco e perdas crescentes na produção.

Portanto, segundo o relatório, a degradação ambiental está “matando as chuvas, que estão matando o café”. Se o cenário persistir, o Brasil pode perder competitividade internacional, com impacto direto nas exportações e nos preços ao consumidor.

Desmatamento e pressão internacional

O problema brasileiro reflete uma tendência global. O desmatamento também avança em outros países produtores, como Vietnã e Etiópia. Em 2023, a União Europeia aprovou uma lei que exige rastreabilidade das commodities agrícolas, incluindo o café, para garantir que não venham de áreas desmatadas.

Nesse sentido, o Brasil contestou a medida, chamando-a de “unilateral e punitiva”, e propôs a criação de um fundo internacional para compensar países que preservem suas florestas.

Apesar da resistência, a nova regra europeia deve entrar em vigor de forma escalonada, e produtores terão de provar a origem sustentável de suas plantações.

Enquanto isso, a ONU se prepara para realizar a conferência climática anual na Amazônia, evento que deve colocar o Brasil sob os holofotes globais, tanto como líder ambiental, quanto como maior exportador de café ameaçado.

 Artigo inicialmente publicado no The New York Times.

c.2025 The New York Times Company

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.