
- A XP elevou o preço-alvo do Itaú para R$ 45 e manteve recomendação de compra
- O relatório projeta potencial de ROE acima de 25% com apoio da digitalização e eficiência
- O valuation segue em prêmio frente aos pares, sustentado pela rentabilidade e histórico sólido
A XP divulgou na última quinta-feira (28) novo relatório sobre o Itaú (ITUB4), mantendo recomendação de compra e elevando o preço-alvo de R$ 43 para R$ 45. O potencial de valorização estimado é de 17% em relação ao valor atual de mercado.
O ponto central da análise é a possibilidade de o banco entregar um retorno sobre o patrimônio (ROE) superior a 25%, cenário que, segundo a corretora, depende da continuidade do processo de digitalização e eficiência.
O argumento da XP
O analista Bernardo Guttmann destacou que o Itaú tem se mostrado “best-in-class” entre os bancos incumbentes do Brasil, exibindo métricas sólidas em inadimplência, eficiência e rentabilidade. Para ele, o Investor Day, marcado para 2 de setembro, deve trazer mais clareza sobre o roadmap de eficiência do banco.
Esse movimento, segundo a XP, pode gerar uma nova rodada de revisões positivas nas estimativas de mercado. A transformação digital e cultural da instituição é vista como peça-chave para reduzir custos e ampliar a rentabilidade.
Outro ponto enfatizado foi a redução no custo de servir clientes, o que aproxima o Itaú das fintechs em competitividade e torna nichos antes pouco rentáveis novamente atrativos. A XP ressalta que esse fator é determinante para sustentar um ROE acima de 25% no médio prazo.
Tecnologia como motor
Guttmann observou que cerca de 18% dos funcionários do Itaú eram de tecnologia ao final de 2024, contra 30% no Nubank. Embora ainda exista diferença, os investimentos acelerados do banco colocam parte relevante de seus processos em estágio de digitalização avançada.
Além disso, a XP acredita que essa estrutura híbrida, que combina presença física relevante com avanço digital, funciona como diferencial competitivo. No entanto, o analista avalia que a rede de agências ainda deve passar por ajustes, reduzindo custos operacionais ao longo do tempo.
Apesar disso, os contínuos investimentos em tecnologia e equipes de TI podem pressionar o custo por funcionário. Portanto, para a corretora a relação cliente-funcionário tende a seguir atrás dos neobancos, mas deve superar os pares tradicionais à medida que os projetos amadurecem.
Valuation e riscos
Nas projeções da XP, o Itaú negocia hoje a 8,2 vezes o lucro estimado para 2026 e a 1,9 vez o valor patrimonial, patamar bem acima de concorrentes. Banco do Brasil, Santander e Bradesco, por exemplo, operam com múltiplos inferiores, refletindo menor expectativa de rentabilidade.
Ademais, para a XP o prêmio se justifica pelo histórico do Itaú em alocação de capital, pela solidez dos negócios e pelo ROE estruturalmente elevado.
Por fim, a corretora vê a projeção de 25% de ROE como cenário otimista, ainda fora do modelo-base, mas considerado “upside risk” para o investimento.