
- FIDCs já somam R$ 715,9 bilhões, superando fundos de ações e mirando R$ 1 trilhão.
- CVM 175 e digitalização dos recebíveis aumentaram transparência e governança.
- Investidores devem focar em cotas sêniores, análise de carteira e transparência das gestoras.
Os fundos de direitos creditórios (FIDCs) conquistaram espaço inédito no mercado brasileiro. Entre janeiro de 2024 e agosto de 2025, atraíram R$ 203 bilhões, alcançando um patrimônio de R$ 715,9 bilhões e superando os fundos de ações, que somam R$ 612,3 bilhões, segundo dados da Anbima.
Mesmo após o impacto da Operação Carbono Oculto, que expôs o uso irregular de FIDCs em esquemas de lavagem de dinheiro, o setor segue em alta. Para especialistas, a operação foi pontual e não abalou os fundamentos da indústria, que caminha para ultrapassar R$ 1 trilhão nos próximos anos.
Por que os FIDCs cresceram
Na prática, os FIDCs compram recebíveis de empresas, como vendas no cartão de crédito, com desconto, antecipando o caixa do cedente e lucrando na diferença. O risco central é a inadimplência, mas o avanço da digitalização dos registros e a centralização em plataformas como a CLC aumentaram a transparência.
A publicação da CVM 175, que estabeleceu padrões de governança e abriu o acesso ao investidor de varejo, também ajudou a consolidar o mercado. Além disso, a profissionalização das gestoras e empresas de cobrança reduziu riscos de fraudes e melhorou a gestão.
Desse modo, outro fator decisivo foi a alta da Selic, que levou empresas a buscar alternativas de captação mais baratas e atraiu investidores para produtos com retornos superiores à renda fixa tradicional.
Como investir em FIDCs
Os FIDCs contam com três classes de cotas:
- Júnior, com maior risco e retorno, absorve primeiro as perdas.
- Mezanino, intermediária entre risco e retorno.
- Sênior, mais segura, com prioridade de pagamento e acessível ao varejo.
Especialistas recomendam atenção à qualidade dos recebíveis, à experiência da gestora e ao nível de transparência dos relatórios. Além disso, indicadores como pontualidade dos pagamentos e perfil dos devedores ajudam a avaliar a solidez do fundo.
Portanto, alertas incluem promessas de rentabilidade fora do padrão, concentração excessiva em um único cedente e auditorias sem clareza. “Transparência não é discurso, é documentação e rotina de monitoramento”, afirma Gustavo Assis, CEO da Asset Bank.
Tendência de longo prazo
Para analistas, os FIDCs são hoje um canal eficiente de financiamento para empresas e de retorno previsível para investidores.
Ademais, a diversificação de ativos, somada ao amadurecimento regulatório, deve sustentar a trajetória de crescimento.
Por fim, o CEO da Audax Capital, Pedro Da Matta, resume: “Esse avanço reflete a busca por soluções de crédito competitivas e o interesse crescente do investidor por ativos de retorno consistente”.