
O dólar opera nesta quinta-feira (29) sob a influencia de indicadores econômicos tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil.
O mercado fica de olho na divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre nos EUA, pedidos de seguro-desemprego e o núcleo de preços do Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE) do país norte-americano.
Já no Brasil, o índice geral de preços – mercado (IGP-M do FGV) de maio, a taxa de desemprego de abril e Caged são monitorados.
Todos esses indicadores servem de base para decisões de juros. Por isso, os dados devem impactar a cotação do dólar, já que a moeda é influenciada diretamente pelas expectativas e decisões de políticas monetárias em países como Brasil e Estados Unidos.
Incertezas globais alimentam aversão ao risco
No cenário internacional, ainda a tensão em relação as tarifas no comércio global impostas por Donald Trump. Sem clareza sobre quais medidas tarifárias serão de fato implementadas, os mercados globais adotam uma postura de cautela, com aumento da aversão ao risco.
Isso leva investidores a buscar proteção em ativos considerados mais seguros, como o dólar, o que naturalmente pressiona sua valorização frente a moedas emergentes, incluindo o real.
Além disso, as atas do Federal Reserve divulgadas ontem apontaram que a economia dos Estados Unidos pode enfrentar simultaneamente inflação elevada e aumento do desemprego nos próximos meses — uma combinação temida pelo mercado, conhecida como estanflation.
O dilema do Fed agora é decidir se prioriza o combate à inflação com juros mais altos ou o estímulo ao emprego com corte de taxas.
Qualquer sinal de endurecimento monetário tende a fortalecer o dólar globalmente.
Crise fiscal no Brasil intensifica pressão
Internamente, o câmbio também sofre influência de um ambiente fiscal cada vez mais questionado.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), anunciou ontem que a perda de arrecadação com o recuo em parte do aumento do IOF será compensada com o resgate de R$ 1,4 bilhão de fundos garantidores.
Apesar da tentativa de acalmar o mercado, a sinalização de medidas improvisadas, sem cortes de gastos ou plano estrutural de ajuste fiscal, reforça a percepção de fragilidade nas contas públicas.
Além disso, há rumores sobre novos recuos em alíquotas do IOF, o que amplia a incerteza e compromete a previsibilidade da política fiscal.
Diante disso, o real perde força, com o dólar ganhando espaço como refúgio frente à instabilidade doméstica.