
- Petrobras registra maior perda de valor em um único dia desde 2024.
- Dividendos de US$ 1,5 bilhão frustram expectativa de acionistas.
- Retorno ao setor de distribuição divide opiniões no mercado.
A Petrobras (PETR4) enfrentou uma forte turbulência na última sexta-feira (8), após divulgar o balanço do segundo trimestre de 2025 (2T25). Os números vieram acompanhados de dividendos abaixo do esperado e uma decisão estratégica que dividiu opiniões no mercado.
O resultado foi uma das maiores perdas diárias da estatal nos últimos anos: R$ 32 bilhões em valor de mercado evaporaram em poucas horas. As ações preferenciais caíram 6,15%, enquanto as ordinárias despencaram 7,95%, marcando o pior desempenho desde maio de 2024, quando a saída de Jean Paul Prates do comando abalou investidores.
Queda bilionária e impacto no Ibovespa
Com a desvalorização, o valor de mercado da Petrobras encolheu de R$ 442,1 bilhões para R$ 410,2 bilhões. O tombo também afetou o Ibovespa, que recuou 0,45% e fechou aos 135.913 pontos. Sem o peso negativo da estatal, o índice teria subido 0,39%.
Assim, o balanço mostrou lucro líquido de R$ 26,65 bilhões no 2T25, revertendo prejuízo de R$ 2,6 bilhões do mesmo período do ano anterior. Apesar do avanço, o pagamento de dividendos ficou em US$ 1,5 bilhão, com yield de 1,8%, frustrando o consenso de US$ 2 bilhões.
Desse modo, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de US$ 10,2 bilhões, ligeiramente acima das expectativas. Mesmo assim, a decepção com a remuneração aos acionistas superou o otimismo com os números operacionais.
Retorno à distribuição gera debate
Além dos dividendos, a decisão da Petrobras de retornar ao setor de distribuição reacendeu polêmicas. A estatal deixou a área há seis anos, ao vender a BR Distribuidora, mas agora aposta na expansão da venda de gás de cozinha (GLP) e na integração com outros negócios no Brasil e no exterior.
Ademais, a CEO Magda Chambriard defendeu a medida como parte de uma estratégia de fortalecimento da companhia. “Somos uma empresa que nasceu integrada do poço ao posto. Quem vendeu as ações vai se arrepender”, afirmou durante um evento no Rio de Janeiro.
Segundo a executiva, a volta ao setor permitirá aproveitar sinergias e ampliar a oferta de soluções de baixo carbono aos clientes. Portanto, a aprovação da iniciativa pelo conselho de administração reforça o compromisso da atual gestão com o modelo integrado.
Especialistas soam alerta
Nem todos compartilham do otimismo. Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, o segmento de distribuição tem margens historicamente apertadas e pode comprometer a eficiência da alocação de capital. Essa característica, segundo ele, tende a pressionar o rendimento anualizado do caixa livre.
Além disso, o retorno ao setor, embora estratégico para a gestão, foi recebido com cautela pelo mercado. Analistas destacam que o desafio será equilibrar expansão com rentabilidade, evitando que investimentos em áreas menos lucrativas reduzam o retorno total aos acionistas.
Por fim, no curto prazo, a volatilidade deve continuar. Investidores aguardam novos sinais de que a Petrobras conseguirá transformar a aposta em distribuição em ganhos sustentáveis para o caixa e para o valor de mercado.