Ações

Oi (OIBR4) cogita chapter 11 nos EUA: ainda dá para se reerguer? Relembre crise da companhia

Após protocolar fim do Chapter 15 nos EUA, empresa ainda avalia recorrer ao Chapter 11 para continuar enfrentando sua longa crise financeira

Apoio

oi oibr4
oi oibr4

A Oi (OIBR3)(OIBR4) deu mais um passo na sua longa e turbulenta história de sobrevivência. Em recuperação judicial no Brasil, a companhia anunciou que protocolou, no tribunal de falências dos Estados Unidos, o encerramento de seu processo de Chapter 15 — mecanismo que reconhece judicialmente, em território americano, a recuperação da empresa conduzida em solo brasileiro.

A decisão, segundo a empresa, se deve à conclusão de diversas etapas do plano de recuperação aprovado em abril de 2024. Na avaliação da Oi, manter o Chapter 15 já não é mais estratégico.

No entanto, a novela da operadora está longe do fim: a companhia admitiu que estuda agora recorrer ao Chapter 11, mecanismo tradicional de recuperação judicial nos EUA — geralmente acionado por empresas que desejam proteger ativos internacionais ou renegociar com credores estrangeiros.

A movimentação reacende o debate: a Oi está adiando o inevitável ou ainda pode se reerguer?

Da promessa à derrocada

A Oi nasceu como promessa. Criada a partir da Telemar, braço da antiga Telebras, ela foi uma das maiores beneficiárias da privatização das telecomunicações em 1998. Em poucos anos, tornou-se uma das principais operadoras do país, com presença em todos os segmentos: telefonia fixa e móvel, internet banda larga, TV por assinatura e infraestrutura de rede.

O ápice veio em 2008, com a aquisição da Brasil Telecom, que deu à Oi alcance nacional. A empresa também firmou aliança com a Portugal Telecom e investiu pesado em marketing — das campanhas icônicas como “Quem ama, bloqueia” até a presença marcante na Copa do Mundo de 2014.

Mas, por trás dos comerciais criativos, a saúde financeira da Oi já dava sinais de colapso.

A maior recuperação judicial da história do Brasil

O baque veio em junho de 2016: a Oi entrou com um pedido de recuperação judicial no valor de R$ 65 bilhões — a maior da história do Brasil até então.

A companhia estava sufocada por dívidas, má gestão, aquisições mal calculadas e um mercado cada vez mais competitivo.

Nos anos seguintes, a operadora teve que se desfazer de ativos importantes:

  • Vendeu sua participação na Unitel (Angola) por R$ 4,1 bilhões;
  • Se desfez da operação de telefonia móvel, repassada a Vivo, Tim e Claro por R$ 16,5 bilhões;
  • Transferiu torres e data centers para a Highline e a Piemonte por pouco mais de R$ 1 bilhão;
  • E vendeu o braço de fibra óptica, a InfraCo, para o BTG Pactual por R$ 12,9 bilhões.

Mesmo assim, o alívio foi temporário. Em 2023, já com menos ativos e ainda atolada em dívidas (R$ 44 bilhões), a Oi voltou a pedir recuperação judicial — o segundo pedido em menos de uma década.

Um novo rosto, os mesmos desafios

Hoje, o nome Oi sobrevive, mas a empresa que foi chamada de “supertele” já não existe mais. A operadora saiu do regime de concessão pública em 2024, abrindo mão da obrigatoriedade de fornecer telefonia fixa em todo o país — embora ainda tenha obrigações específicas até 2028 em algumas regiões.

Sua atuação está concentrada em três frentes:

  1. Oi Soluções, unidade focada em serviços corporativos como nuvem, cibersegurança, Big Data e IoT;
  2. Nio, nome comercial adotado após a venda da Oi Fibra à V.tal, empresa ligada ao BTG Pactual;
  3. Oi TV, que foi comprada em 2025 pela Mileto Tecnologia por R$ 30 milhões, ainda com cerca de 600 mil clientes ativos.

Ao mesmo tempo, a V.tal, que nasceu de ativos da própria Oi, assumiu parte da infraestrutura de redes, inclusive com a missão de manter a conectividade em escolas e implantar cabos submarinos.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.